Angra: «A piedade popular pode e deve ser evangelizada», assinalou diretor do Serviço da Coordenação Pastoral

Padre Jacob Vasconcelos explica há caminhos feitos e outros por percorrer para valorizar e aproveitar «mais e melhor esta força evangelizadora»

Foto: Igreja Acores/JABN

Angra do Heroísmo, Açores, 12 jun 2025 (Ecclesia) – O diretor do Serviço Diocesano da Coordenação Pastoral de Angra afirmou que a “piedade popular pode e deve ser evangelizada”, no VII Diálogo no Tempo, esta quarta-feira, no Santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso, na Ilha do Pico.

“A piedade popular pode e deve ser evangelizada. Há que saber tirar proveito dos momentos que temos para estarmos com as pessoas para lhes falar de Jesus. Com palavras, mas sobretudo com os nossos gestos; assim foi a ação do Mestre, em palavras e obras”, disse o padre Jacob Vasconcelos, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.

“Assim evangelizaremos não só a piedade popular mas o mundo em que estamos presentes que, no meio das suas alegrias e contrariedades, procura um sentido para a sua vida que só se pode encontrar, definitivamente, em Cristo, nossa Esperança”, acrescentou o também diretor do Serviço Diocesano para a Evangelização, Catequese e Missões.

‘A Esperança na Força Evangelizadora da Piedade Popular’ foi o tema do 7.º encontro ‘Diálogos no Tempo’, que se realizou esta quarta-feira, 11 de junho, no Santuário do Senhor Bom Jesus, no Pico.

Segundo o orador, renasce a esperança através da força evangelizadora da piedade popular nas sociedades modernas, e esta expressão de fé “é como uma ‘torcida que ainda fumega’ e tem um potencial de conversão e evangelização por explorar”.

“Isto não acontece com um simples estalar de dedos, como se de magia se tratasse, mas há caminhos feitos e outros por percorrer para valorizarmos e aproveitarmos mais e melhor esta força evangelizadora, por vezes negligenciada”, assinalou, a partir da tradição e do Magistério da Igreja, nas palavras e gestos dos Papas pós-Concílio Vaticano II, de São Paulo VI a Francisco.

O diretor do Serviço Diocesano da Coordenação Pastoral salientou que nos Açores, os sinais de vitalidade manifestam-se em várias ocasiões, como com as Romarias Quaresmais, as Festas do Divino Espírito Santo e dos santuários diocesanos, para além da história dos últimos bispos de Angra, que “evidencia o apoio a estas manifestações concretas de fé”, lembrando a valorização das romarias por D. Manuel Afonso de Carvalho (1957 a 1978), até aos atuais gestos de presença de D. Armando Esteves Domingues.

“A piedade popular está muito ligada a situações que tocam muito o nosso ser de criaturas e despertam-nos para o sentido de finitude (ex: morte, doença, catástrofes naturais) o que pode favorecer a pergunta pelo Criador e gerar aproximação d’Ele, que é a nossa verdadeira e derradeira Esperança”, desenvolveu o padre Jacob Vasconcelos, pároco de Santa Bárbara, no ciclo ‘Diálogos no Tempo’.

Segundo o sacerdote, que é licenciado em Pastoral, com tese sobre os Romeiros de São Miguel, os santuários – a Diocese de Angra tem seis diocesanos (três cristológicos e três marianos) -, e as festas cristalológicas “estão marcadas por uma forte ligação à Paixão de Jesus, longe de ver isso como um facto entristecedor”, e devem encará-lo como “uma oportunidade de esperança”.

“É um sinal de esperança que existam tríduos, septenários, novenários, festas e procissões com procura dos fiéis. No entanto, é um desespero se não forem bem valorizados como vias de evangelização, corremos o sério risco de estar a desperdiçar oportunidades”, alertou o padre Jacob Vasconcelos sobre “uma oportunidade de fazer retiros a céu aberto”.

Para o diretor do Serviço Diocesano da Coordenação Pastoral de Angra a Igreja deve “acolher, respeitar, acompanhar, catequizar e evangelizar”, mas alertou também para “perigos”, a partir dos documentos do magistério, “a presença insuficiente de elementos essenciais da fé cristã”, entre outros.

CB

A iniciativa ‘Diálogos no Tempo’, organizada pelo Instituto Católico de Cultura em parceria com as ouvidorias, paróquias, serviços e movimentos da Igreja, está a realizar-se mensalmente neste Ano Santo 2025, o Jubileu de Esperança, propõe o encontro com Cristo, e começou uma nova fase, descentralizada, pelas ilhas dos Açores.

Este ciclo de conferências, tertúlias ou debates, aberto a crentes e não crentes, tem como objetivo dar “a conhecer, aprofundar e discernir sobre as razões da Esperança cristã, a partir dos sinais dos tempos que nos revelam uma humanidade ferida e faminta de amor, que procura um sentido para a vida”.

 

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