Angra: «A Igreja tem sido a forca motriz da fé que une os açorianos», afirmou bispo, nos 490 anos da diocese

D. Armando Esteves Domingues convocou a diocese para pensarem «um projeto de pastoral» para os próximos 10 anos

Foto: Igreja Açores

Angra do Heroísmo, Açores, 03 nov 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou hoje que “a Igreja tem sido a forca motriz da fé que une os açorianos”, na homilia da solene concelebração de encerramento das comemorações dos 490 anos da criação desta diocese, na Sé.

“A Igreja tem sido a forca motriz da fé que une os açorianos e, podemos dizê-lo com propriedade, um dos maiores contributos para a promoção da própria coesão da Região Autónoma dada a sua presença capilar em cada canto do arquipélago”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.

A Sé dos Açores acolheu, neste domingo, dia 3 de novembro, a concelebração solene em ação de graças pelos 490 anos de criação da Diocese de Angra.

O bispo diocesano explicou que está nas mãos de cada um “uma nova e exigente etapa de evangelização”, indicando que os próximos 10 anos são “decisivos”, até aos 500 anos desta Igreja diocesana.

“Convoco a Diocese inteira – todos e cada um – para pensarmos juntos um projeto de pastoral para estes próximos 10 anos. Precisamos de uma especial escuta do Espírito Santo para nos mudarmos a nós antes das estruturas ou métodos”, acrescentou, na homilia que apresentou esta diocese como um “farol de esperança”.

No encerramento das comemorações dos 490 anos da criação da Diocese de Angra, D. Armando Esteves Domingues agradeceu e rezou “por quantos a fizeram no passado” e pediu ao Espírito Santo “o dom da renovada esperança para olhar o futuro”.

“A Igreja não é uma empresa ou um partido. A Igreja é um povo. O povo de Deus a caminho. A sua razão de existir não consiste em gerir estruturas, burocracias ou poderes. Tampouco é para conquistar e defender o seu próprio prestıgio e espaço no mundo. A sua única razão de existir é tornar possível o encontro com Cristo hoje, em todos os lugares onde as mulheres e os homens de nosso tempo vivem, trabalham, se alegram e sofrem.”

O bispo de Angra, que na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) preside à Comissão Missão e Nova Evangelização, explicou que o papel “político” do cristianismo é, “através da sua reforma e forma de escutar, poder inspirar a procura de uma nova qualidade de relações entre pessoas, culturas, religiões e Estados”.

“A Igreja tem uma missão terapêutica e profética no mundo. A Igreja é um sacramento, um símbolo e instrumento da unidade de toda a humanidade. Esta unidade deve ser plural, isto é, sinodal, dialogada e não imposta para poder perdurar.”

D. Armando Esteves Domingues salientou que a história religiosa dos Açores começou antes da criação da diocese, que com os descobridores e povoadores chegaram “os primeiros pioneiros da missão”, cuidaram das pessoas, promoveram a educação, a ajuda aos mais necessitados, as Misericórdias, e todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social existentes.

Foto: Igreja Açores

A partir das leituras da celebração, nomeadamente o Evangelho, do diálogo entre o escriba e Jesus, o bispo de Angra disse que “é necessário” que o mandamento, “que é o ‘grande mandamento’, ressoe dentro” de cada um, e “seja assimilado, se torne a voz da consciência.

“Assim, cada um de nós pode tornar-se uma ‘tradução’ viva, diferente e original do Evangelho. Não uma repetição, mas uma ‘tradução’ original da única Palavra de amor que Deus nos dá; A Igreja precisa desta constante, mesmo que sofrida, visão fraterna sem a qual não há diálogo construtivo que nos mantenha relevantes quanto necessário”, acrescentou.

A diocese católica dos Açores começou hoje, oficialmente, o ano pastoral 2024/2025, e, antes da Missa, promoveu a apresentação do seu projeto, intitulado ‘Todos, Todos, Todos, Caminhar na esperança’, centrado no Jubileu da Esperança, no segundo ano do Itinerário 2023/25, no Seminário Episcopal de Angra.

“Que saibamos transmitir vida, que é um sinal de esperança, para pessoas que experimentam diferentes formas de sofrimento, para os presos, para os doentes e suas famílias, para os ‘jovens sem esperança’, para os exilados, refugiados e deslocados, para os idosos que experimentam a solidão, para todos os pobres”, pediu o bispo na homilia.

A Diocese de Angra foi criada pelo Papa Paulo III, com a Bula ‘Aequum Reputamus’, de 3 de novembro de 1534, que, no mesmo dia, com a Bula ‘Gratiae divinae proemium’, confirmou a nomeação do primeiro bispo, D. Agostinho Ribeiro (1534-1540).

CB

Na homilia, da solene concelebração de encerramento das comemorações dos 490 anos da criação da Diocese de Angra, D. Armando Esteves Domingues recordou também a conclusão da fase diocesana do Processo de Beatificação de Maria Vieira; a clausura realizou-se no dia 1 de novembro, na igreja de São Sebastião.

“Haverá mensagem mais atual? Os santos não perdem a sua humilde confiança em Deus, são serenos e felizes porque não desviam o olhar da sua pátria definitiva; Em Maria Vieira, é aquele que se identifica com Cristo na vida pessoal, familiar e comunitário, que mergulha no mistério pascal de Cristo, na Sua Paixão, Morte e Ressurreição e que, nas dificuldades, reconhece, aceita e ama a cruz descobrindo amor onde pareceria dever estar o ódio, perdão onde a lógica conduziria à vingança”, disse o bispo diocesano, na sexta-feira, Dia de Todos os Santos.

Na intervenção, enviada à Agência ECCLESIA, D. Armando Esteves Domingues explicou que não estavam ali para “declarar beata ou santa (Maria Vieira), mas apenas para declarar que se completou uma primeira fase do longo itinerário que conduz à beatificação”.

O bispo de Angra destacou que “começou a correr a fama de santidade” da Serva de Deus Maria Vieira, “logo após a sua morte”, em junho de 1940; a jovem terceirense de 13 anos, era natural da Paróquia de São Sebastião, e foi brutalmente martirizada por defender a preservação da sua virgindade até à morte.

Foto: Igreja Açores/CR

Este domingo, na Sé de Angra, o responsável diocesano, lembrou também a presença de jovens de toda a diocese, que estiveram reunidos em Assembleia Diocesana; participaram 13 das 17 ouvidorias, entre 1 e 3 de novembro, no Seminário Episcopal.

“Arriscai, para criar uma onda jovem na diocese, uma onda de esperança, na Igreja há espaço para todos e quando não houver façam com que haja, contagiem os outros”, disse D. Armando Esteves Domingues, na Missa de abertura do Encontro Diocesano da Juventude, citado pelo portal online ‘Igreja Açores’.

Na Solenidade litúrgica de Todos os Santos (1 novembro), o bispo de Angra, incentivou os jovens a serem o “corpo de santos de ao pé da porta, antes de mais unidos em Jesus, o eterno jovem que pode dar esperança”, e alertou que “jovens fechados não prestam: cuidai uns dos outros e vede sempre o que há de bom nos outros”.

 

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Agência ECCLESIA

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