Angola: «Todos os que têm problemas que não conseguem resolver vêm chorar na ‘mamã’» – Reitor do Santuário de Nossa Senhora da Muxima (c/fotos)

Padre Vicente Pinto Melo diz que a peregrinação anual, no primeiro fim de semana de setembro, está a ser preparada com «expectativa enorme»

Foto Agência ECCLESIA/TAM, Reitor do Santuário de Nossa Senhora da Muxima

(Tiago Azevedo Mendes, enviado especial da Agência Ecclesia a Luanda)

Lisboa, 28 ago 2021 (Ecclesia) – O reitor do Santuário angolano de Nossa Senhora da Muxima disse que há uma “expectativa enorme” para a peregrinação anual, no primeiro fim de semana de setembro, ao local onde os peregrinos procuram “socorro” para os diversos problemas.

“Todos que têm problemas sociais, económicos, de superstições, muitos problemas que afetam as famílias, problemas que não conseguem resolver vêm chorar na ‘mamã’. Choram e felizmente são consolados, sentem-se confortados”, disse o padre Vicente Pinto Melo em declarações à Agência ECCLESIA.

O reitor do Santuário de Nossa Senhora da Muxima sublinha que este local foi ganhando uma “devoção popular” porque “concretizavam tudo o que os fiéis viessem pedir de bom”.

O reitor do Santuário da Muxima acrescenta que, “mesmo com grandes dificuldades”, como de transporte, nos anos 80 e 90, por exemplo, o povo conseguia peregrinar ao santuário a cerca de 130 quilómetros de Luanda.

“Viam que as dificuldades não são obstáculos para chegar a Nossa Senhora e aqui é esta mãe do coração onde todos se sentem à vontade”, acrescentou.

O padre Vicente Pinto Melo tomou posse com reitor no dia 25 de março deste ano e destaca que o testemunho que recebe das pessoas “é formidável”.

A peregrinação anual vai ser celebrada entre os dias 4 e 5 de setembro, com restrições por causa da pandemia, mas “a expectativa é enorme”, uma vez que no ano passado não realizaram esta peregrinação.

Foto Agência ECCLESIA/TAM

O reitor lembra que em anos anteriores já receberam “mais de 800 mil pessoas” e uma estatística contabilizou “quase um milhão de pessoas” neste lugar que, apesar de ser pequeno, na celebração desta festa “torna-se grande”.

“Este ano não esperamos este número, com o distanciamento, mas até nas montanhas as pessoas ficam, e usamos os aparelhos para que o som seja audível”, referiu.

O sacerdote lamenta que enquanto umas pessoas “vêm de coração aberto”, vão “orar, rezar, há outros que se aproveitam da fragilidade, supostas devotas que são feiticeiras que ficam ao redor da igreja” ou a fazer rituais de madrugada no portão da igreja.

O emblemático Santuário de Nossa Senhora da Muxima, na província do Bengo, estás nas margens do Rio Kwanza e tem características que também permitem “apreciar a paisagem”.

O padre Vicente Pinto Melo começa por contar que a história deste local remonta ao século XVI, era um lugar central onde os “escravos eram levados para as Américas, antes trabalhavam no outro lado do rio” e eram batizados no santuário.

“Com o tempo foi ganhando uma dimensão mais popular. A romaria nos anos de 1833 começou a ganhar popularidade e as pessoas começaram a ver como um lugar de devoção onde muitos pedidos foram feitos e concretizavam os seus sonhos”, desenvolveu sobre o santuário que é “um dos maiores da África austral.

Em 2015, o porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), o arcebispo José Manuel Imbamba, adiantava que a Igreja Católica no país lusófono queria elevar o santuário mariano de Muxima à condição de primeiro santuário nacional do país, um processo que deveria avançar “dentro de quatro ou cinco anos”, quando estivessem concluídas as obras em curso no local.

A imagem de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como Senhora da Muxima, que traduzido da língua nacional kimbundu quer dizer “Senhora do Coração”, é uma das mais veneradas e de maior devoção popular em Angola.

TAM/CB/PR

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Agência ECCLESIA

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