Angola: População deseja «bem-estar proporcional aos recursos e potencialidades do seu país»

Conferência Episcopal de Angola convida à reflexão sobre «o significado e as implicações» dos 50 anos da independência

Foto Agência ECCLESIA/PR, Luanda

Luanda, 21 jul 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) alerta para as “inumeráveis evidências de angolanos” desejosos de bem-estar proporcional aos “recursos e potencialidades do seu país”, numa mensagem sobre os 50 anos de independência de Angola.

“Não temos evidências de angolanos desejosos de voltar para o regime colonial português. Temos, sim, inumeráveis evidências de angolanos desejosos de bem-estar proporcional aos recursos e potencialidades do seu País, Angola”, lê-se na mensagem pastoral da CEAST, enviada à Agência ECCLESIA.

Os bispos católicos de Angola e São Tomé, nas conclusões do documento sobre os 50 anos de independência, afirmam que “só construindo uma Angola melhor” honrarão “adequadamente o sacrifício de tanta gente” de quem recebem o legado da independência, que vão celebrar no dia 11 de novembro (1975-2025).

“De outro modo, perpetuar-se-á na mente de muitos, infelizmente, a impressão de que a independência não foi senão a passagem dos privilégios do colono para um pequeno grupo de oportunistas; é, importante recordar que sobre cada geração de detentores do Poder Público em Angola recairá sempre o pesado juízo da história.”

Na mensagem pastoral, com 48 pontos e várias alíneas, a CEAST faz dez apelos particulares, “para um virar de página”, com a intenção de verem o país a “assumir novos e convenientes rumos”, e pedem aos católicos, “com responsabilidades políticas e sociais” que escutem o apelo do Apóstolo Paulo: “não vos acomodeis a este mundo”.

Como Igreja Católica em Angola vão continuar a “aprofundar a reconciliação entre angolanos e portugueses”, para que “as relações entre ambos sejam baseadas em critérios de amizade, justiça e equidade”.

“Urge trabalharmos juntos para que ninguém tenha o máximo desnecessário e a ninguém falte o mínimo indispensável. Lembre-se cada um da parábola do rico opulento e do pobre Lázaro”, salientam, e apelam “especialmente” aos especialistas e profissionais da política, da justiça, da economia, da comunicação social e outros, que coloquem “o seu saber e a sua experiência ao serviço da Nação”.

Os bispos católicos indicam também que “é fundamental” a educação das novas gerações nos valores sociais, culturais, éticos e cristãos para que “percebam que são o presente com o futuro da Nação”, por isso, convidam os jovens a “sentirem-se partícipes ativos na vida da Nação, não obstante as dificuldades atuais”, que devem aguçar o engenho dos jovens, “porque Deus está sempre presente na história, inclusive nas encruzilhadas mais complexas”.

A Conferência Episcopal Católica de Angola e São Tomé, na sua mensagem pastoral, convida todos os concidadãos à reflexão sobre “o significado e as implicações” dos 50 anos da independência, e afirmam que o momento da independência “não correspondeu apenas à libertação do jugo colonial”, mas proporcionou o início de uma nova era, “destinada a projectar Angola para patamares diferentes”.

Os bispos salientam 12 “luzes” que aplaudem e se orgulham no percurso do cinquentenário da independência de Angola, como “a possibilidade do regime da liberdade e da cidadania (reconhecimento da dignidade dos angolanos)”, “afirmação da sua própria identidade e assunção do destino do País por parte dos angolanos, “a possibilidade de sonhar e de pensar em projectos futuros”, a “abertura do ensino a todos e a correspondente possibilidade de progressão”.

Em 26 alíneas, o número de letras do alfabeto português, a Conferência Episcopal Católica de Angola e São Tomé também menciona “algumas das muitas sombras e insuficiências”, de “escandaloso sofrimento” nestas cinco décadas, que devem “ser superadas”, como a “deficiente política educativa”, “a falta de saúde de qualidade no País e nas famílias, em escandaloso contraste com os recursos do País”, como “a cólera, o deficiente saneamento e acesso à água potável”; o “aberrante e alarmante desvio de fundos públicos, a escandalosa expatriação de capitais”, a falta de estradas, pontes e várias outras grandes infraestruturas.

A Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação dos bispos de Angola e São Tomé publicou também uma nota de reflexão pastoral sobre a “situação atual que o país vive”, motivados pela “crescente carestia”.

CB/PR

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