Tony Neves defendeu trabalho de doutoramento em ciência política
Lisboa, 10 maio 2011 (Ecclesia) – O missionário espiritano Tony Neves defendeu hoje em Lisboa a sua tese de doutoramento em ciência política, sobre o tema ‘«Justiça e Paz» nas intervenções da Igreja Católica em Angola (1989-2002)’.
Apresentado na Universidade Lusófona, em Lisboa, o trabalho científico tinha como objetivos “provar” que “a Igreja Católica foi uma instituição muito importante no processo de paz” naquele país lusófono e que a instituição “interveio em contexto de alto risco para reparar os danos causados pela guerra”.
O júri de defesa da tese de doutoramento do padre Tony Neves era constituído por três arguentes externos (D. Manuel Clemente, Marcelo Rebelo de Sousa e frei José Nunes) e três arguentes internos (Fernando Campos, Adelino Torres e José Fialho Feliciano, orientador do trabalho), tendo aprovado o trabalho com “louvor e distinção”.
Rawls, Simmel, Bobbio e Adriano Moreira foram alguns autores da ciência política estudados para compreender os conceitos de justiça e paz em Angola.
A tese de Tony Neves assenta no método qualitativo – não estatístico e não probabilístico -, com “muita observação no terreno”, entrevistas e uma abordagem “exaustiva” a 58 mensagens da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote sublinhou que aquele estudo científico é uma “tese de vida”.
Em 1987 decidiu que iria para Angola como missionário – “num país em guerra civil” – mas, apesar do seu regresso a Lisboa, sente que “nunca mais” saiu daquele país lusófono “até hoje”.
O missionário português esteve naquele país africano entre 1989 e 1994, na cidade de Huambo, que “nessa altura foi completamente arrasada”, e ajudou “a apanhar os cacos”.
Nesta teia complexa, Tony Neves frisou também que as mudanças em Angola são notórias: “Só o facto de terem acabado os combates é uma diferença enorme”.
A aplicação de valores no terreno “não é automático e não se faz de um dia para o outro”, todavia há uma “trabalho de base que a Igreja continua a fazer”, tal como algumas organizações civis.
A guerra em Angola “durou muito tempo” e os direitos humanos devem ser “mais vividos e testemunhados”, concluiu o novo doutor.
LFS