Angola: Padre Alfredo Mavinga espera «país mais pacífico, mais unido, mais alegre», com Congresso Nacional da Reconciliação

Sacerdote, missionário em Portugal afirma que os angolanos precisam de «diálogo fraterno, franco e aberto»

Lisboa, 05 nov 2025 (Ecclesia) – O padre angolano Alfredo Mavinga destaca o apelo dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) para “a necessidade de participação de todos” no Congresso Nacional da Reconciliação, nos dias 6 e 7 de novembro, em Luanda.

“Os bispos querem que todos os angolanos, independentemente do seu credo, do seu setor, façam parte deste grande projeto com as suas ideias, com as suas sugestões, para que este congresso possa ser um momento de virar para uma nova página, para o nosso país”, disse o padre Alfredo Mavinga, esta quarta-feira, dia 5 de novembro, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O sacerdote natural de Angola, missionário em Portugal há seis anos, saúda “todos os angolanos que vão celebrar este grande evento”, e realça que o Congresso Nacional propõe “três grandes marcos essenciais”, de “introspeção coletiva, uma cura histórica, e restauração da esperança dos angolanos”.

“Com este congresso nós esperamos uma Angola mais inclusiva, porque este projeto dos bispos é uma iniciativa profética, parte de um contexto social, religioso, que os bispos procuram mudar. Então, com este congresso, nós esperamos um país mais pacífico, mais unido, um país mais alegre, e com uma esperança rejuvenescida”, desenvolveu padre Alfredo Mavinga.

Com o lema ‘Eis que faço Novas todas as Coisas’ (Ap. 21,5), a CEAST, através da sua Comissão de Justiça e Paz e Integridade da Criação, realiza este Congresso Nacional da Reconciliação nos 50 anos da independência de Angola, de quinta-feira a domingo, entre 6 e 9 de novembro, em Luanda.

“O país, infelizmente, é assolado por muitas desigualdades sociais, de rendimento, e isto pode afetar várias pessoas, mas deixe-me sublinhar, de facto, este apelo de todos os bispos da conferência para a dimensão universal, nacional, digamos assim, deste grande projeto, deste grande congresso.”

Segundo o padre Alfredo Mavinga, “reconciliação é a palavra-chave”, e explica que os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe entendem que a independência de Angola “não é só uma realidade política, uma independência política”, mas deve ser também, “acima de tudo, um bem-estar emocional, um bem-estar psicológico, um bem-estar social, um bem-estar cultural e político”.

Os bispos da CEAST entregaram um convite ao presidente da República de Angola para o Congresso Nacional da Reconciliação, no dia 1 de outubro; João Lourenço comunicou “a sua indisponibilidade, por razões de calendário ligadas a compromissos de Estado”, no dia 22 de outubro, anunciando que “far-se-á representar por um membro do Executivo”.

O padre angolano Alfredo Mavinga começa por recordar que o congresso nacional, promovido pela Igreja Católica em Angola, estava para ser realizado nos “finais de outubro, e foi adiado justamente para contar com a presença do atual presidente” do país lusófono, que “deu sim, mas, infelizmente, não estará”.

“E isto continua a minar esta reconciliação efetiva que se espera. Nós vimos, nesta fase de condecorações, o tumulto da sociedade civil em não reconhecer os pais da independência; nota-se que o país precisa de uma reconciliação efetiva, de uma cura histórica, porque os angolanos, ao longo destes anos todos, passaram por peripécias que precisam de diálogo. Diálogo fraterno, franco e aberto”, desenvolveu o sacerdote no Programa ECCLESIA, transmitido hoje, na RTP2.

Sobre a vontade de regressar ao seu país, o padre Alfredo Mavinga salientou que vai “para onde o Espírito Santo envia”, e se “o Espírito sopra para lá” está sempre aberto para ajudar, e levar “essa palavra para a terra de origem”.

O missionário Espiritano termina a desejar a todos os angolanos “festas felizes da independência” e que o Congresso nacional da CEAST “seja de facto uma oportunidade de rejuvenescimento, de renovação do país”.

Os 50 anos da independência de Angola são comemorados no dia 11 de novembro.

PR/CB/OC

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