Relatório da Conferência Episcopal propõe maior pluralismo político e democratização dos órgãos de comunicação social públicos
Lisboa, 26 set 2012 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola (CEAST) lançou um apelo aos partidos políticos para que ajudem a “salvaguardar” a paz e a reconciliação nacional, após as eleições de 31 de agosto, que deram a vitória ao MPLA.
“Não nos devemos esquecer que estamos num processo de paz e de reconciliação nacional iniciado há dez anos, em que os atores da guerra e muitas das vítimas ainda estão vivos e merecem respeito e consideração”, assinala um relatório sobre o escrutínio, da Comissão Episcopal de Justiça e Paz, enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O presidente angolano José Eduardo dos Santos prestou juramento esta manhã em Luanda para um mandato de cinco anos, na sequência da sua eleição indireta para a chefia do Estado nas eleições gerais.
A CEAST pede ao novo executivo que promova a “democratização dos órgãos de comunicação social públicos” e que defenda “o pluralismo político, a paz, a reconciliação e a unidade nacional”.
“Os órgãos de comunicação social do Estado, nomeadamente a Televisão Pública de Angola, a Rádio Nacional de Angola e o Jornal de Angola não foram isentos nem antes nem durante nem depois das eleições, favorecendo claramente o partido no poder e dando pouco espaço ao contraditório”, lamenta o relatório.
A avaliação do processo eleitoral efetuada pelos peritos da CEAST, a partir da data da sua intervenção no terreno, foi apresentada em conferência de imprensa pelo coordenador do grupo, padre Belmiro Cuica Chissengueti.
O documento fala num “importante exercício de cidadania, necessário para a paz, a democracia e o desenvolvimento”.
Nesse sentido, elogia-se “a boa conduta por parte dos eleitores, das forças da ordem pública e dos membros das assembleias de voto” e acrescenta-se que os observadores tiveram “facilidades” na obtenção das informações pretendidas.
O organismo da CEAST refere, por outro lado, que o credenciamento dos observadores foi “muito tardio” e não permitiu uma melhor preparação dos mesmos.
A abstenção de perto de 40 por cento dos eleitores é vista como “um dado negativo que deverá merecer uma profunda reflexão”.
O documento pede ainda que no próximo ato eleitoral a comissão nacional encarregada de supervisionar o escrutínio “vigie melhor e com imparcialidade o cumprimento do Código de Conduta”.
OC