Angola: Congresso Nacional de Reconciliação propõe um «Pacto de Nação» e indica meia centena de compromissos para o Estado, a sociedade e a Igreja

Iniciativa da CEAST assinalou os 50 anos da independência do país e quer ser um contributo para «construir uma sociedade verdadeiramente democrática, participativa e inclusiva»

Luanda, 24 nov 2025 (Ecclesia) – Os participantes no Congresso Nacional de Reconciliação, em Angola, divulgaram uma Agenda de Recomendações Fundamentais que o Estado e os atores sociais devem a concretizar “com urgência” para promover construir uma sociedade “democrática, participativa e inclusiva”.

“Só através da construção coletiva de novos pilares fundadores — baseados no reconhecimento do passado, na inclusão na justiça social no desenvolvimento e no respeito pelos direitos fundamentais — assentes na Verdade (profética, histórica, política, social, eleitoral parlamentar e judicial), e em princípios éticos e morais dignos, será possível superar as feridas dos nossos desencontros e construir uma sociedade verdadeiramente democrática, participativa e inclusiva”, afirma a Carta Compromisso dos congressistas.

O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), D. José Manuel Imbamba, apresentou no último sábado a Carta de Compromissos dos Participantes do Congresso Nacional da Reconciliação, promovido nos dias 6 e 7 de novembro para assinalar os 50 anos da independência de Angola, em torno do tema “Eis que Faço Novas Todas as Coisas”.

O Congresso, que decorreu em Luanda, contou com 600 participantes presencialmente e milhares on-line e apontou para a necessidade de estabelecer um “Pacto de Nação” com o objetivo de “construir a reconciliação nacional a partir da verdade”.

“Construir a reconciliação nacional a partir da Verdade (histórica, política, eleitoral, parlamentar e judicial), estabelecendo, com participação de todos, um Pacto de Nação, começando pela despartidarização das Instituições do Estado, da Administração Pública, das ordens profissionais, e todas as instituições do país”, indica a Carta de Compromissos.

De acordo com as conclusões do congresso, “a violência estrutural”, nomeadamente a exclusão, a pobreza e o tribalismo, constitui o “principal obstáculo à paz duradoura”, o que motiva à apresentação de meia centena de compromissos para o Estado, a economia do país, a sociedade angolana, o setor da Defesa e a Igreja Católica.

“Transparência total dos futuros processos eleitorais”, “institucionalização efetiva das Autarquias, em todo o país”, “atuação independente do Poder Judicial” e uma Educação como prioridade estratégica do país”, que promova a Universidade “como espaço de produção de conhecimento útil e necessário à sociedade”, são algumas propostas apresentadas.

Os congressistas apontam também para a necessidade de “criar uma entidade administrativa independente” para governação dos meios de comunicação social públicos e exigem “um ambiente de liberdade e informação com verdade na área da comunicação social, através do fortalecimento da ética e da deontologia como condição para o exercício pleno da profissão de jornalista”

Os participantes no congresso nacional denunciam uma “’teologia’ da prosperidade e da cura”, apontam para a necessidade de “aprofundar o diálogo ecuménico”, promover uma “Pastoral de acompanhamento que eduque a consciência dos cidadãos angolanos para o bem comum” e afirmam a necessidade de “reintroduzir a figura do Capelão nas Forças Armadas”.

“Fixar uma data para que haja, a nível nacional, uma celebração, ao estilo da Vigília Pascoal, em memória de tantos irmãos e irmãs que perderam as suas vidas durante o período do conflito armado no nosso País” é outra proposta deixada pelos congressistas.

A Carta de Compromissos dos Participantes do Congresso Nacional de Reconciliação começa por fazer um diagnóstico da situação do país, através de um “profundo e exigente Exame de Consciência Nacional” que envolveu “líderes religiosos (Bispos da CEAST, Clérigos, Religiosos, CICA), Jornalistas, Sociedade Civil, Autoridades Tradicionais e os sectores da Justiça, Defesa e Segurança, Educação, Saúde, e Economia”.

O Congresso Nacional da Reconciliação assinalou os 50 anos da independência de Angola, que se celebraram no dia 11 de novembro, e decorreu no contexto do Jubileu 2025, sobre o tema da esperança.

PR

Carta de Compromissos dos Participantes do Congresso Nacional da Reconciliação

 

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