Estado angolano condecorou o Papa Paulo VI com Medalha dos 50 anos da independência, que se assinalam esta terça-feira, 11 de novembro
Luanda, 11 nov 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe realizou um Congresso da Reconciliação pelos 50 anos da independência de Angola, que se comemoram hoje, dia 11 de novembro, e, na mesma ocasião, o Estado angolano condecorou o Papa Paulo VI.
“A paz duradoura assenta no perdão sincero e na justiça social. O perdão não é esquecimento, mas a coragem de olhar para o futuro”, disse o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), no Culto Ecuménico, do Congresso Nacional da Reconciliação, citado pela Rádio Ecclesia, de Angola.
D. José Manuel Imbamba, na homilia desta celebração, salientou que a reconciliação e o regresso às propriedades simbolizam liberdade, justiça, convivência pacífica e solidariedade, e destacou que o amor ao próximo e o cuidado com os doentes e os idosos são fundamentais, informa a a emissora católica de Angola.
Na véspera da Missa de conclusiva do congresso nacional realizou-se um Culto Ecuménico, no sábado, dia 8, sob o lema ‘Angola 50 Anos de Independência Nacional, Alegra-te em Cristo!’, com a presença do presidente da República João Lourenço, no Estádio 11 de Novembro.

No contexto das comemorações dos 50 anos da independência de Angola, que se comemoram hoje, o padre angolano Alfredo Maringá salientou, à Agência ECCLESIA, que os angolanos, “ao longo destes anos todos”, passaram por “peripécias que precisam de diálogo”.
“Diálogo fraterno, franco e aberto. E precisam de discuto, precisam de uma cura, de uma libertação, digamos assim, que passa pela comunhão e de um abraço fraterno para todos”, realçou o missionário Espiritano, em Portugal há seis anos, na entrevista realizada pelo Congresso Nacional da Reconciliação
Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), através da Comissão de Justiça e Paz e Integridade da Criação, realizaram um Congresso Nacional da Reconciliação, pelos 50 anos da independência de Angola, com o lema ‘Eis que faço Novas todas as Coisas’ (Ap. 21,5), entre 6 e 9 de novembro, em Luanda.
No primeiro dia do congresso nacional promovido pela CEAST, o Estado Angolano realizou a oitava e última sessão de condecorações atribuídas a cidadãos nacionais e estrangeiros pelos seus contributos para a independência do país africano, pela construção da paz e pelo desenvolvimento.
“Nós vimos, nesta fase de condecorações, o tumulto da sociedade civil em não reconhecer os pais da independência. Agora, claro, já se diz que se vai condecorar os pais da independência de Angola, mas nota-se que o país precisa de uma reconciliação efetiva, de uma cura histórica”, explicou o padre Alfredo Mavinga.
O presidente da República de Angola recordou a importância do gesto do Papa Paulo VI, no dia 1 de julho de 1970, que recebeu os líderes dos principais movimentos de libertação africanos, entre eles Agostinho Neto (Angola), Amílcar Cabral (Guiné-Bissau e Cabo Verde) e Marcelino dos Santos (Moçambique), no Vaticano.
“Um agradecimento particular ao Vaticano, pelo gesto do Papa Paulo VI em ter recebido em audiência os líderes dos Movimentos de Libertação de Angola, Moçambique e Guiné Bissau, respectivamente MPLA, FRELIMO e PAIGC, numa mensagem clara para os círculos mais conservadores da Igreja e para o mundo, de que o colonialismo devia cair, dando lugar ao surgimento de países independentes nas ex-colónias portuguesas” – João Lourenço
O núncio apostólico (representante do Papa) em Angola e São Tomé, D. Kryspin Dubiel, recebeu a Medalha dos 50 Anos da Independência de Angola, na classe Independência, grau de Honra, e o diploma honorífico atribuído a título póstumo a Paulo VI (1897-1978), do chefe de Estado angolano, informa o portal online ‘Vatican News’, do Vaticano.
Eleito em 1963, o Papa Paulo VI foi o primeiro pontífice a visitar o continente africano, ao deslocar-se ao Uganda, em 1969, sete anos após a independência daquele país do domínio britânico.
Agostinho Neto proclamou a independência de Angola no dia 11 de novembro de 1975, no ano seguinte à Revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal, e cinco anos após o encontro com o Papa Paulo VI, no Vaticnao.
O jornal ‘O Apostolado’, da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe, informa que “mais de 600 delegados provenientes das 21 províncias do país” participaram nos dois primeiros dias do Congresso Nacional da Reconciliação (6 e 7 de novembro), onde refletiram sobre a temas-chave como justiça, poder legislativo, saúde, educação, economia, comunicação social, sociedade civil, defesa e segurança, autoridades tradicionais, partidos políticos e confissões religiosas, incluindo clérigos e movimentos católicos.
CB/PR


