América Latina: Presidente do CELAM alertou que «ecossistemas não são serviços ambientais à venda»

Colóquio sobre «o papel da Igreja na construção de uma visão latino-americana» reuniu responsáveis religiosos, políticos, e académicos

Foto: CELAM/Óscar Elizalde

Roma, 12 jun 2025 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM) alertou que a degradação ambiental e social “se manifestam em catástrofes naturais, quanto em crises sociais e económicas”, esta quarta-feira, num colóquio na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma.

“Precisamos de mudanças estruturais urgentes, [a mudança climática] é um problema social global que está intimamente relacionado com a dignidade da vida humana”, disse o cardeal brasileiro D. Jaime Spengler, citado pelo portal online ‘Vatican News’.

‘Transições justas: o papel da Igreja na construção de uma visão latino-americana de um desenvolvimento social, económico e ambientalmente sustentável’, foi o tema do colóquio que reuniu responsáveis religiosos e políticos, e académicos, esta quarta-feira, dia 11 de junho, na aula magna da Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma.

Segundo o presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho, “o tempo parece indicar que o mundo está se desmoronando”, e explicou que as mudanças vertiginosas e a degradação ambiental e social “se manifestam tanto em catástrofes naturais quanto em crises sociais e económicas”.

“O tempo está se esgotando. A qualidade de vida das novas gerações depende de nossas escolhas e decisões. Todos nós somos chamados a cuidar e cultivar a casa comum”, assinalou o arcebispo de Porto Alegre (Brasil), que presidiu à primeira Peregrinação Internacional Aniversária de 2025 ao Santuário de Fátima, no dia 13 de maio.

D. Jaime Spengler, que destacou o desafio do extrativismo e da exploração dos recursos naturais na América Latina, pediu a proteção dos territórios dos povos originários, da agricultura familiar, e a rejeição da financeirização da natureza, afirmando que “os ecossistemas não são serviços ambientais à venda, mas a base da vida”.

Foto: CELAM/Óscar Elizalde

O debate evocou também o 10.º aniversário da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’ do Papa Francisco, e a preparação da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 que vai decorrer entre 10 e 21 de novembro,  na cidade brasileira de Belém, no Pará.

O reitor magnífico da Pontifícia Universidade Gregoriana, que acolheu esta iniciativa, afirmou que “é muito importante que a Igreja fale e reflita sobre a Laudato Si’, mas também sobre a Amazónia”, porque “é muito importante que todos, também em Roma, compreendam que se trata da casa comum”, e destacou a importância da Igreja Católica e do mundo académico trabalharem juntos na defesa da casa comum.

“Não adianta propor algo que ninguém pode fazer. O importante é que todos possamos contribuir com algo e estar conscientes da nossa contribuição para a casa comum, esse é o cerne da Laudato si’”, desenvolveu o padre Mark Lewis, que lembrou o diploma em Ecologia Integral da Universidade Gregoriana, que “ensina catequistas e educadores a se comprometerem e a ensinarem os jovens a cuidar do meio ambiente”.

O vice-ministro do Assuntos Multilaterais da Colômbia, “não é fácil manter equilíbrio” entre as desigualdades sociais e proteger o meio ambiente, “especialmente em países onde existe a tentação do extrativismo”, mas revelou esperança que “os políticos não se esqueçam dos mais pobres, que não se esqueçam dos excluídos”, e que os direitos humanos “sejam reconhecidos” para “todos os seres humanos”.

Mauricio Jaramillo Jassir destacou também o papel histórico da Igreja Católica na política colombiana e o seu apoio constante à paz e à reconciliação, afirmando que “a Igreja sempre foi aliada da paz como um processo social que pertence à sociedade, indo muito além do plano estritamente religioso”.

Este colóquio foi organizado pela Embaixada da Colômbia junto da Santa Sé, por ocasião dos 190 anos de relações diplomáticas entre os dois Estados, com a moderação da secretária da Comissão Pontifícia para a América Latina, a teóloga argentina Emilce Cuda; o portal de notícias do Vaticano destacou também a participação da vice-reitora académica da Pontifícia Universidade Javeriana da Colômbia, María Adelaida Farah Quijano, e do padre Adelson Araújo dos Santos, professor da Gregoriana.

CB/OC

 

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