Bento XVI pede aposta na família e na promoção de vocações O Papa Bento XVI considera que a América Latina é uma das maiores esperanças da Igreja Católica no que diz respeito à defesa da família e à promoção de vocações sacerdotais. Numa mensagem enviada aos participantes da a XXX Assembleia Ordinária do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), que este ano celebra o seu jubileu de ouro, o Papa pediu aos Bispos da América Latina que defendam o matrimónio e a família cristã perante as “ideologias e costumes” que minam os seus fundamentos. “Desejo recomendar à reflexão do CELAM o cuidado da pastoral da família, assediada nos nossos dias por graves desafios representados pelas diversas ideologias e costumes que minam os fundamentos do matrimónio e da família cristã”, escreveu. “Há que pôr um acento especial na catequese familiar e na promoção de uma positiva e correcta visão do matrimónio e da moral conjugal, contribuindo desta forma para a formação de famílias genuinamente cristãs que brilhem pela vivência dos valores do Evangelho”, acrescentou o Papa. O texto foi lido pelo Cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Comissão Pontifica para a América Latina, a mais de cem Bispos de todo o continente e cerca de mil convidados reunidos desde ontem em Lima, Perú, para a Assembleia do CELAM, que se prolonga até 20 de Maio. Presentes estão ainda o Cardeal Darío Castrillón Hoyos, prefeito da Congregação para o Clero, bem como bispos delegados dos EUA e Canadá. No Continente onde vivem 50% dos católicos do mundo, Bento XVI lembra a necessidade de “dar um particular apoio à promoção das vocações para que sejam numerosas e santas”. “Olhando para o futuro, o CELAM deverá continuar a oferecer a sua importante contribuição e decidido apoio neste campo para ensinar a descobrir os sinais da vocação e acompanhar na resposta”, refere a mensagem papal. Bento XVI pede um “impulso evangelizador cada vez mais vigoroso” na América Latina, “consciente de que Cristo é o centro da fé católica e que a finalidade da nova evangelização é ajudar a que cada pessoa encontre Cristo vivo”. O CELAM foi instituído por Pio XII a 4 de Agosto de 1955, acolhendo o desejo manifestado pela Conferência Geral dos Bispos latino-americanos reunidos no Rio de Janeiro de 25 de Julho a 4 de Agosto desse mesmo ano. Tem como objectivo apoiar o trabalho pastoral dos bispos e ao mesmo tempo dar respostas a alguns dos problemas da Igreja na América Latina. “Em meio século de existência, o CELAM ofereceu o seu serviço aos episcopados dos países da América Latina, ajudando a enfrentar em harmonia de esforços e com espírito eclesial desafios do subcontinente latino-americano e empenhando-se dentro da comunhão episcopal a dar vigor ao que no curso dos anos se chamou a nova evangelização”, constatou Bento XVI na sua mensagem. Os trabalhos da Assembleia Ordinária decorrem na Casa de Retiro João Paulo II onde, na tarde de sexta-feira, as conclusões são reveladas em conferência de imprensa, antes de uma solene celebração na basílica de Santa Rosa de Lima. Centro de gravidade desloca-se para o Sul O centro de gravidade da Igreja Católica tem-se deslocado, ao longo dos últimos anos, para o Sul do mundo e é gritante a falta de crescimento da Igreja na Europa. Entre 1978 e 2003, os católicos no mundo passaram de 757 milhões a 1,08 mil milhões – um aumento de 329 milhões de fiéis. Na América e Ásia, a Igreja experimentou um crescimento notável (de 47,6% e de 78,2% respectivamente). Os católicos americanos representam 62% da população do continente e metade dos católicos em todos o mundo. A proeminência americana é visível no número de seminaristas que se preparam para o sacerdócio: em 1978, a Europa tinha 37% do número total de seminaristas diocesanos e religiosos maiores; a América, 34%. Vinte e cinco anos depois, a contribuição europeia caiu para menos de 22% e um terço dos seminaristas maiores estão na América. A distribuição de católicos por continentes é a seguinte: América, 50%; Europa, 26,1%; África, 12,8 %; Ásia, 10,3%; Oceânia, 0,8 %. Três quartos dos católicos vive, portanto, fora da Europa. A América é também o continente com maior percentagem de católicos em relação à população total: América, 62,4% de católicos; Europa, 40,5%; Oceânia, 26,8%; África, 16,5%; Ásia, 3%.