América 2015: Papa recorda «vergonha» dos casos de abusos sexuais

Francisco encontrou-se com religiosos, em Nova Iorque, e sublinhou papel dos seus institutos na construção dos EUA

Nova Iorque, Estados Unidos da América, 25 set 2015 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje em Nova Iorque a “vergonha” dos casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero e instituições eclesiais nos Estados Unidos da América, durante um encontro de oração com religiosos.

“Sei que vós, como corpo sacerdotal, diante do povo de Deus, sofrestes muito num passado não distante suportando a vergonha por causa de muitos irmãos que feriram e escandalizaram a Igreja nos seus filhos mais indefesos”, disse, na homilia da celebração de vésperas, em espanhol, na Catedral de São Patrício.

Francisco mostrou-se solidário com a Igreja Católica nos EUA, que passou por uma “grande tribulação”.

“Acompanho-vos neste período de sofrimento e dificuldade; e também agradeço a Deus pelo serviço que realizais acompanhando o povo de Deus”, assinalou.

A intervenção deixou elogios ao “sacrifício” de tantos homens e mulheres, sacerdotes, religiosos e leigos que contribuíram para a “edificação” da Igreja nos Estados Unidos.

O Papa apelou à proximidade com “os pobres, refugiados, imigrantes, doentes, explorados, idosos que sofrem a solidão, encarcerados e muitos outros pobres de Deus”, para evitar um acomodamento a estilos de vida contrários à pobreza que os religiosos devem assumir.

“Um novo perigo surge quando nos tornamos ciosos do nosso tempo livre, quando pensamos que rodear-nos de comodidades mundanas ajudar-nos-á a servir melhor”, advertiu.

Esse estilo de vida “afasta também as pessoas que padecem pobreza material, vendo-se obrigadas a fazer sacrifícios maiores” do que dos consagrados.

Francisco elogiou depois o trabalho dos católicos norte-americanos no campo da educação, muitas vezes “à custa de sacrifícios extraordinários e com caridade heroica”.

“Penso, por exemplo, em Santa Elizabeth Ann Seton (1774-1821), que fundou na América a primeira escola católica gratuita para meninas, ou em São John Neumann (1811-1860), fundador do primeiro sistema de educação católica nos Estados Unidos”, precisou.

O Papa, que tinha chegado há menos de duas horas de Washington, pareceu ter alguma dificuldade em deslocar-se ou levantar-se da cadeira, precisando de ajuda nalguns momentos.

Ao contrário do que tem sido habitual nestes encontros com membros do clero e dos Institutos Religiosos, Francisco seguiu o texto que tinha preparado, falando da importância da “memória do encanto” que levou cada um dos presentes a seguir a vida consagrada e o sacerdócio, antes de apelar a “um estilo de vida diligente”.

“Ver e avaliar as coisas a partir da perspetiva de Deus chama-nos para uma conversão constante ao primeiro tempo da nossa vocação e – nem é preciso dizê-lo – a uma grande humildade”, precisou.

A intervenção deixou uma palavra de “admiração e gratidão” às religiosas dos Estados Unidos, que foi saudada com uma salva de palmas.

“Que seria esta Igreja sem vós? Mulheres fortes, lutadoras; com aquele espírito de coragem que vos coloca na linha da frente do anúncio o Evangelho. A vós religiosas, irmãs e mães deste povo, quero dizer: Obrigado! Um obrigado muito grade. E dizer-vos também que gosto muito de vós”, afirmou.

No final das vésperas, após a saudação do arcebispo de Nova Iorque, cardeal Timothy M. Dolan, o Papa desloca-se de carro para a residência do observador permanente da Santa Sé na ONU, que é a residência pontifícia no decorrer da visita a esta cidade norte-americana.

OC

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Agência ECCLESIA

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