Francisco recordou importância dos imigrantes na construção dos EUA
Washington, 24 set 2015 (Ecclesia) – O Papa manifestou hoje em Wasington a sua preocupação com a “crise de refugiados” em todo o mundo, pedindo uma resposta de “compaixão” para os que são obrigados a deixar o seu país natal.
“O nosso mundo está a enfrentar uma crise de refugiados de tais proporções que não se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Esta realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decisões difíceis”, assinalou, num discurso histórico perante senadores e congressistas, em reunião conjunta no Capitólio.
Na primeira vez em que um Papa falou ao Congresso norte-americano, Francisco recordou que esta crise atinge também o continente americano, em que “milhares de pessoas” se sentem “impelidas” a viajar para Norte, “à procura de melhores oportunidades”.
“Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, fixando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações”, apelou.
O Papa apelou a uma resposta que seja “sempre humana, justa e fraterna”.
“Tratemos os outros com a mesma paixão e compaixão com que desejamos ser tratados. Procuremos para os outros as mesmas possibilidades que buscamos para nós mesmos”, defendeu.
Francisco sustentou que é fundamental ajudar os outros a “crescer”: “Se queremos segurança, demos segurança; se queremos vida, demos vida; se queremos oportunidades, providenciemos oportunidades”.
Numa intervenção em recordou várias figuras da história norte-americana, o Papa quis evoca r a “marcha” que Martin Luther King guiou de Selma a Montgomery, há 50 anos, exigindo “plenos direitos civis e políticos para os afro-americanos”.
“Nos últimos séculos, milhões de pessoas chegaram a esta terra perseguindo o sonho de construir um futuro em liberdade. Nós, pessoas deste continente, não temos medo dos estrangeiros, porque outrora muitos de nós éramos estrangeiros”, precisou.
O Papa argentino voltou a apresentar-se como “filho de imigrantes”, à imagem do que tinha feito na Casa Branca, e lamentou uma “mentalidade de hostilidade” face ao outro, convidando a não repetir “os pecados e os erros do passado”.
A intervenção concluiu-se com uma referência à relação entre os povos que chegaram à América e as populações indígenas, Francisco considerou que os direitos destas últimas “nem sempre foram respeitados”, em contactos iniciais “muitas vezes tumultuosos e violentos”.
“Desejo, a partir do coração da democracia americana, reafirmar a minha mais alta estima e consideração por aqueles povos e as suas nações”, afirmou.
OC