América 2015: Papa apela à defesa da liberdade religiosa e à tolerância

Francisco presidiu a encontro em Filadélfia, cidade símbolo da independência dos EUA

Filadélfia, Estados Unidos da América, 26 set 2015 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje em Filadélfia à defesa da liberdade religiosa, “um direito fundamental”, e ao diálogo entre os vários credos para promover o respeito pelo ser humano.

“É necessário que os seguidores das diferentes religiões unam a sua voz para invocar a paz, a tolerância, o respeito pela dignidade e os direitos dos outros”, disse, no Parque Histórico Nacional da cidade norte-americana, terceira etapa da sua viagem aos EUA, iniciada na terça-feira.

Francisco sustentou que todos os homens e mulheres das várias confissões religiosas “podem dialogar, sem lutar, isso é o que a liberdade religiosa dá”.

Milhares de pessoas esperavam pela chegada do Papa, que percorreu em automóvel descoberto a praça do ‘Independence Hall’, “local do nascimento dos Estados Unidos da América”.

“Neste lugar, que é um símbolo do espírito americano, quereria refletir convosco sobre o direito à liberdade religiosa. É um direito fundamental que plasma o modo como interagimos social e pessoalmente”, declarou.

Francisco precisou que a liberdade religiosa “implica certamente o direito de adorar a Deus, individual e comunitariamente”, mas recordou que a mesma “transcende, por sua natureza, os lugares de culto, bem como a esfera dos indivíduos e das famílias”.

“Num mundo onde as diferentes formas de moderna tirania procuram suprimir a liberdade religiosa, ou reduzi-la a uma subcultura sem direito de expressão na esfera pública, ou ainda usar a religião como pretexto para o ódio e a brutalidade”, alertou, renovando alertas que remetem para o pontificado de Bento XVI.

A dimensão religiosa, insistiu o Papa, “é parte da cultura de qualquer povo e de qualquer nação”.

Francisco quis sublinhar que as tradições religiosas “servem a sociedade”, através da mensagem que proclamam, lembrando “a dimensão transcendente da existência humana” e a “liberdade irredutível contra qualquer pretensão de poder absoluto”.

“Basta lançar um olhar à história, especialmente à do século passado, para ver as atrocidades perpetradas pelos sistemas que pretenderam construir este ou aquele «paraíso terrestre»”, acrescentou.

No “coração” da missão espiritual das religiões, sustentou o Papa, “encontra-se a proclamação da verdade e da dignidade da pessoa humana, bem como dos direitos humanos”.

Antes do discurso, Francisco abençoou uma Bíblia e uma Cruz usadas pela comunidade católica hispano-latina transporta estes símbolos em peregrinação pelos EUA.

Já no encontro pela liberdade religiosa, com a presença de membros da comunidade hispânica e outros imigrantes, o Papa recordou que em Filadélfia foram proclamadas pela primeira vez as “liberdades que definem” o país e inspiram os norte-americanos no combate “pela liberdade de viver de acordo com a sua dignidade”.

“A Declaração de Independência afirmou que todos os homens e todas as mulheres são criados iguais, que são dotados pelo seu Criador de alguns direitos inalienáveis e que os governos existem para proteger e defender tais direitos”, prosseguiu.

O pontífice argentino elogiou as “grandes lutas” dos norte-americanos que levaram à abolição da escravatura, à extensão do direito de voto, ao crescimento do movimento operário e ao “esforço progressivo por eliminar todas as formas de racismo e preconceito”.

“A memória salva a alma dum povo de tudo aquilo ou de todos aqueles que poderiam tentar dominá-lo ou utilizá-lo para os seus interesses”, prosseguiu.

Francisco evocou ainda o “profundo sentido evangélico da dignidade de cada pessoa” dos Quakers, que fundaram Filadélfia.

OC

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