Discurso no Capitólio apelou a mais ação na luta contra a pobreza e em defesa do ambiente
Washington, 24 set 2015 (Ecclesia) – O Papa reafirmou hoje diante do Congresso norte-americano as suas preocupações com a crise económica e ecológica, apelando a uma maior ação na luta contra a pobreza e em defesa do ambiente.
“Na encíclica ‘Laudato si’, exorto a um esforço corajoso e responsável para «mudar de rumo» e evitar os efeitos mais sérios da degradação ambiental causada pela atividade humana. Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho dúvida alguma de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar”, observou, falando num tema que tem gerado divisão nos EUA, incluindo dentro da comunidade católica.
Francisco apelou a “ações corajosas” e estratégias que protejam os mais desfavorecidos e regulem o uso da tecnologia, ao serviço do “progresso”.
“A este respeito, confio que as instituições americanas de investigação e académicas poderão dar um contributo vital nos próximos anos”, declarou.
O Papa, que é visto nalguns setores da sociedade norte-americana como um crítico exagerado do capitalismo, reconheceu que no início do terceiro milénio foi feito muito “para fazer sair as pessoas da pobreza extrema”.
“Sei que partilhais a minha convicção de que se tem de fazer ainda muito mais e de que, em tempos de crise e dificuldade económica, não se deve perder o espírito de solidariedade global”, advertiu.
A intervenção aludiu a “espirais da pobreza” e de fome, situações que exigem um esforço em “múltiplas frentes, especialmente nas suas causas”.
“Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, não pode estar submetida à economia e às finanças. É que a política é expressão da nossa insuprível necessidade de vivermos juntos em unidade, para podermos construir unidos o bem comum maior”, sustentou.
Num histórico discurso, o primeiro de um Papa no Parlamento federal, Francisco elogiou várias figuras da história norte-americana, incluindo Dorothy Day (1897-1980), que fundou o Movimento Operário Católico.
“O seu compromisso social, a sua paixão pela justiça e pela causa dos oprimidos estavam inspirados pelo Evangelho, pela sua fé e o exemplo dos santos”, explicou.
Neste contexto, a intervenção falou da “criação e distribuição de riqueza” e da “utilização correta dos recursos naturais”.
Francisco convidou a sociedade civil a ouvir a “voz da fé”, que “procura fazer surgir o melhor em cada pessoa e em cada sociedade”.
“Esta cooperação é um poderoso recurso na luta por eliminar as novas formas globais de escravidão, nascidas de graves injustiças que só podem ser superadas com novas políticas e novas formas de consenso social”, explicou.
OC