Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação apela a «pensar especialmente nos pobres e nos mais vulneráveis»
Cidade do Vaticano, 01 set 2020 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirma na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação que as mulheres e os homens são “parte, não patrões, da rede interligada da vida”, e pede para dar atenção aos “mais vulneráveis”.
“Hoje, a voz da criação incita-nos, alarmada, a regressar ao lugar certo na ordem natural, lembrando-nos que somos parte, não patrões, da rede interligada da vida”, afirma na mensagem enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Para Francisco, a desintegração da biodiversidade, o “aumento vertiginoso” de catástrofes climáticas, “o impacto desproporcionado” da pandemia Covid-19 sobre os mais pobres e frágeis “são sinais de alarme perante a avidez desenfreada do consumo”.
“Quebramos os laços que nos uniam ao Criador, aos outros seres humanos e ao resto da criação. Precisamos de sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e de toda a trama da vida”, observa.
No Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que se celebra hoje, começa um ‘tempo da criação’, este ano com o tema ‘Jubileu da Terra’, até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, e o Papa explica que na Sagrada Escritura, “o Jubileu é um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar e rejubilar”.
O Papa explica que Deus, “na sua sabedoria”, reservou o dia de sábado para que a terra e os seus habitantes “pudessem descansar e restaurar-se” mas, hoje, os estilos de vida “forçam o planeta para além dos seus limites” e a procura “contínua de crescimento e o ciclo incessante da produção e do consumo estão a extenuar o ambiente”.
“As florestas dissipam-se, o solo torna-se erosivo, os campos desaparecem, os desertos avançam, os mares tornam-se ácidos e as tempestades intensificam-se: a criação geme”, aponta.
Francisco recorda que durante o jubileu “o Povo de Deus era convidado a repousar dos seus trabalhos habituais” para deixar que “a terra se regenerasse e o mundo reentrasse na ordem”, por isso, hoje é preciso “encontrar estilos de vida équos e sustentáveis”.
“A pandemia atual levou-nos a redescobrir estilos de vida mais simples e sustentáveis. A crise deu-nos, em certo sentido, a possibilidade de desenvolver novas maneiras de viver. Foi possível constatar como a Terra consegue recuperar, se a deixarmos descansar: O ar tornou-se mais puro, as águas mais transparentes, as espécies animais voltaram para muitos lugares donde tinham desaparecido”, desenvolveu.
O Papa observa que a pandemia levou a sociedade a “uma encruzilhada” e este momento decisivo deve ser aproveitado para “acabar com atividades e objetivos supérfluos e destrutivos, e cultivar valores, vínculos e projetos criadores”.
“Devemos examinar os nossos hábitos no uso da energia, no consumo, nos transportes e na alimentação. Devemos retirar, das nossas economias, aspetos não essenciais e nocivos, e criar modalidades vantajosas de comércio, produção e transporte dos bens”, explica.
Francisco realça que também que o jubileu “é um tempo para voltar atrás e arrepender-se” e convida a “pensar novamente nos outros, especialmente nos pobres e nos mais vulneráveis”.
“O jubileu é um tempo para dar liberdade aos oprimidos e a quantos estão acorrentados aos grilhões das várias formas de escravidão moderna, nomeadamente o tráfico de pessoas e o trabalho infantil”, alerta o Papa na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2020 apela “para se cancelar a dívida dos países mais frágeis”.
CB/PR
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