Preservação da natureza e educação ambiental marcam projetos, que a Agência ECCLESIA conheceu numa iniciativa promovida pelo Turismo Centro de Portugal

Góis, 13 dez 2025 (Ecclesia) – A aldeia de Aigra Nova, em Góis, está a criar um rebanho comunitário para limpar a vegetação que a circunda, depois dos incêndios do verão, e é dona da única maternidade de árvores do país, espaço de educação ambiental.
“Infelizmente passou aqui o fogo em agosto e nós pensámos, se isto já foi o que foi, e nós tínhamos a aldeia minimamente limpa por causa dos animais, o que é que vai ser daqui para a frente sem os animais a manter a aldeia protegida?”, começa por explica Cátia Lucas, coordenadora geral da Associação Lousitânea.
A Agência ECCLESIA integrou uma Media Trip promovida pelo Turismo Centro de Portugal às aldeias da região, entre 19 e 21 de novembro, em particular aos destinos mais afetados pelos fogos; o programa incluiu a visita a projetos marcados pela sustentabilidade, num ano em que a Igreja Católica celebra os 10 anos da encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum.
O projeto da criação dos animais para salvaguardar Aigra Nova começou de forma “gradual”, refere Cátia Lucas, com voluntários a deslocar-se, de propósito, do Porto e de Lisboa para ajudar na “construção do curral, obras de melhoria” e “construção de vedações”.
“Atualmente temos um rebanho com 18 cabras e o objetivo é que elas aqui também sejam felizes, que nos ajudem”, afirma a responsável.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Góis, Nuno Bandeira, destaca que o “rebanho servirá principalmente para manter toda a vegetação o mais curta possível”, porque as cabras do monte, tendo em conta a alimentação, conseguem “comer o mato e todo o feno” que existe à volta da aldeia.
“Assim a vegetação não ganha a dimensão para que os incêndios ganhem muita projeção”, refere.
A Lousitânea – Liga de Amigos da Serra da Lousã, associação sem fins lucrativos dedicada à conservação da natureza e à valorização do património cultural, abrange também a única Maternidade de Árvores do país.
“[É] um viveiro onde produzimos desde a apanha da semente à produção da própria espécie, onde só produzimos espécies autóctones e o objetivo aqui é trabalhar a consciencialização ambiental nas comunidades locais e nas comunidades estudantis”, esclarece Cátia Lucas.
São mais de 10 mil as árvores produzidas ao longo do ano, de várias espécies, entre carvalhos, azevinhos, castanheiros ou medronheiros, e que as escolas também podem conhecer de perto.
Algumas delas podem ser apadrinhadas pelos visitantes que são convidados a acompanhar o crescimento.
“No ano em que ela está na sua fase adulta, na celebração do dia da floresta autóctone, voltamos a convidar os padrinhos para virem libertar a sua árvore aqui na serra”, indica.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Góis realça que a Maternidade de Árvores é uma mais-valia para o território, uma vez que já se sabe onde recorrer quando são necessárias espécies para os “variados projetos” promovidos na região.
O Papa lançou em junho de 2015 a primeira encíclica dedicada ao tema da ecologia, ‘Laudato si’, na qual a valorização do ser humano, da natureza, da fé e da cultura para superar a atual crise ambiental.
O programa ‘70×7’ destaca este domingo (17h50, RTP2) é dedicado a projetos na área do ambiente e sustentabilidade, nas aldeias do xisto da Aigra Nova, Cerdeira e Fajão, que fizeram parte de um roteiro promovido pelo Turismo Centro de Portugal,
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