Ambiente/Ano 2021: Desafio verde é «causa comum, mundial» e sem fronteiras «políticas»

José Miguel Sardica aconselha leitura da encíclica «Laudato Si», do Papa Francisco, uma «constituição global para o ambiente»

Lisboa, 15 jan 2021 (Ecclesia) – O professor José Miguel Sardica disse que Portugal, “sozinho, poderá fazer pouco” na área ambiental, indicando esta como uma “causa comum e mundial” que “não conhece fronteiras políticas ou continentais”.

“A pandemia é um alerta para a necessidade que há de restaurar o equilíbrio entre as espécies e a humana é apenas uma, numa natureza muito vasta que é necessário cuidar”, reconheceu o historiador e docente da Universidade Católica Portuguesa (UCP) à Agência ECCLESIA, em entrevista a ser emitida hoje na Antena 1 da rádio pública.

José Miguel Sardica lembra a encíclica ‘Laudato si’, um texto “fundamental do Papa Francisco”, publicado em 2015, que apelidou de “constituição global para o ambiente – não uma lei, mas uma carta muito inspiradora, e à qual vale a pena voltar sempre”.

“O desafio ambiental não acaba mesmo quando os países atingirem ou se aproximarem das metas; haverá novas a cumprir porque o desenvolvimento humano é isso e o mundo tem recursos finitos”, indicou.

Portugal iniciou a presidência rotativa da União Europeia e elegeu o ambiente como um desafio para os próximos seis meses – «Tempo de Agir: por uma recuperação justa, verde e digital».

O docente da UCP reconhece que o desenvolvimento necessita de critérios de responsabilidade social e ambiental.

“É preciso apostar em descarbonizar indústrias, automóveis, hábitos de consumo e a União Europeia, por ter uma política ambiental mais desenvolvida do em África ou na Ásia, e também nos EUA em relação aos seus compromissos ambientais, pode ser um farol e inspirador para uma economia para as próximas décadas que considere o cuidado com a casa comum”, traduz.

José Miguel Sardica aguarda o regresso dos Estados Unidos da América ao Acordo de Paris, com a presidência de Joe Biden, mas reconhece “lóbis muito fortes”, que “desconfiam e instrumentalizam a ciência”.

As metas fixadas há cinco anos não foram ainda atingidas e, sobretudo, o ambiente coloca-nos no diálogo com os EUA e grandes potencias demográficas e económicas, Índia e China, perante a questão de sermos um exemplo de desenvolvimento sustentável que possa influenciar outros países onde a consciência ambiental não seja tão forte”.

O professor reconhece nas novas gerações maior consciência fruto do seu crescimento já no contexto de preservação ambiental.

“A pandemia obrigou os europeus a usar máscara mas na China e na Índia, o uso da máscara já era comum, não pela pandemia mas por causa da poluição que já levou ao hábito no seu uso. A simples necessidade de respirarmos com máscara deveria ser um alerta para o muito mal que estamos a fazer ao ambiente, com os desenvolvimentos económicos desregulados”, finaliza.

O professor e historiador José Miguel Sardica perspetiva os acontecimentos do ano em diferentes áreas – Igreja, Política, Sociedade, Europa e Ambiente – numa conversa que tem sido emitida no programa Ecclesia, na Antena 1.

LS

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