Amazónia manchada de sangue

O assassinato da Irmã Dorothy Stang, no passado sábado, é mais uma mancha de sangue no trabalho da Igreja brasileira em favor dos povos indígenas e dos mais desfavorecidos nessa região do país. Seis tiros disparados à queima-roupa acabaram com a vida da religiosa das Franciscanas Missionárias de Notre Dame, feita de décadas de trabalho em favor dos camponeses contra os grandes latifundiários no estado do Pará, além da luta em favor da preservação da fauna e da flora amazónica. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) considera que “a religiosa foi mais uma vítima da luta dos pobres pela terra para trabalhar e viver e da preservação da natureza, onde entram tantos interesses em jogo”. “Este vil assassinato, como tantos outros, que não são divulgados, traz novamente à tona, de maneira trágica, a questão da violência no campo e a urgência de soluções para dívidas sociais tão antigas e graves, como a verdadeira reforma agrária, a definição clara das áreas de preservação ambiental, a demarcação das terras indígenas, a presença efectiva da autoridade pública nas novas áreas de ocupação das terras e a vigilância atenta para que a lei seja cumprida”, apontam os Bispos brasileiros. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 1985 e 2003 ocorreram 1349 mortes devido a conflitos em regiões rurais, mas apenas 79 pessoas foram condenadas até agora. “No Estado do Pará, casos como o de Eldorado dos Carajás, onde 19 sem-terra foram mortos por polícias militares, ainda se arrastam nos tribunais, nove anos depois que a chacina aconteceu”, refere o organismo episcopal. Segundo D. Tomas Balduino, presidente da CPT, “o melhor modo para exprimir a nossa solidariedade é dar seguimento às denúncias que a Ir. Dorothy sempre fez”. Igreja na Amazónia • Amazónia

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