Amar, apesar do sofrimento

José Luís Nunes Martins

É bom encontrar amigos que estejam dispostos a resgatar-nos do fundo dos poços onde tantas vezes acabamos. Amigos leais que, diante da desgraça alheia, não colocam os seus próprios interesses em primeiro lugar.

A verdade é que, de cada vez que ajudamos alguém, estamos a pôr-nos em risco, mas é por essa razão que o nosso gesto é nobre. O sofrimento assusta não só os que sofrem, mas também os que o constatam. É preciso ser grande para abrir o coração à dor do outro. Qualquer um de nós o pode fazer… se o fazemos ou não é outra questão.

A vida é uma longa lição. Nós somos os aprendizes e os fracassos são os nossos maiores mestres.

Com o tempo, e depois de alguns desastres, já devemos ter aprendido a reduzir a velocidade quando a nossa vida está a curvar… depois, e a partir do meio da curva, a retomar o ritmo, de olhos postos no que estiver diante de nós e não no espelho retrovisor.

Sofrer ensina-nos a sofrer menos. Os desgostos fortalecem-nos. Se fizermos da desgraça uma amiga, ajudar-nos-emos a nós e a muitos daqueles com quem nos cruzarmos.

Talvez o sentido da vida seja simples: amar, apesar de todo o sofrimento que isso implica.

O amor exige bravura, força e devoção. Resulta de uma vontade consciente das possíveis consequências, pelo que o mérito é todo de quem, apesar de tudo, decidiu cumprir este caminho. E levanta-se, por mais que caia. E sabe qual é o seu norte, por mais curvas que tenha de fazer.

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