Aljezur celebrou 200 anos da igreja paroquial

A paróquia de Aljezur está a levar a cabo, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Aljezur e com a Associação de Defesa do Património Histórico e com o apoio de diversas entidades, um programa de comemorações do bicentenário da dedicação da igreja matriz de Nossa Senhora d’Alva mandada construir em 1795 pelo então Bispo do Algarve, D. Francisco Gomes do Avelar, e que seria dedicada em 1809. No passado domingo, dia 13 de Setembro, foi celebrada Eucaristia, presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, seguindo-se as inaugurações do busto de D. Francisco Gomes do Avelar e da exposição alusiva ao bicentenário da igreja que está patente até ao dia 20 de Outubro no Espaço +.

O programa da efeméride constou de várias iniciativas de carácter religioso e cultural que tiveram início no dia 6 de Setembro.

No início da Eucaristia, que teve lugar precisamente na igreja matriz, fez-se referência ao auto da sua sagração, sublinhando o “grande espírito de visão” de D. Francisco Gomes do Avelar que “decide transferir a matriz da velha e arruinada vila de Aljezur para um agradável sítio sadio onde só existiam as ruínas de um moinho com toda a capacidade para se fundar a futura povoação”.

Motivado pela ordem de D. José I para que se construísse uma nova igreja em Aljezur em substituição da velha que ficou arruinada com o terramoto de 1755 e pelo interesse das autoridades em fazer nascer o novo templo, D. Francisco Gomes do Avelar, sem perder a determinação com as dificuldades entre a nobreza e o povo sobre o local onde se deveria edificar a nova matriz, conseguiu convencer os aljezurenses a construir a nova igreja no actual lugar onde hoje se encontra. Por detrás dessa escolha estava um projecto urbanístico de expansão da vila. No entanto, somente no último quartel do século XX é que o sonho do então Bispo do Algarve se começou a concretizar.

O actual Bispo da diocese começou por explicar na Eucaristia comemorativa que a presença dos fiéis ali pretendia não pretendia apenas “evocar o passado”, mas “celebrar o presente”, “louvando o Senhor pela coragem do Bispo daquele tempo”.

Na sua homilia reconheceu que estes 200 anos de história que “ultrapassam a vida da própria comunidade cristã” e lembrou que aquele espaço é sinal da Igreja que ali se reuniu ao longo daquele tempo.

Após a Eucaristia e a inauguração do trabalho escultórico de homenagem a D. Francisco Gomes do Avelar, seguiu-se a inauguração da exposição que pretende igualmente homenagear o antigo Bispo do Algarve.

Já no salão da Santa Casa da Misericórdia de Aljezur, onde decorreu a sessão solene do Bicentenário da sessão solene do bicentenário da dedicação da igreja matriz, o provedor Gil da Luz considerou que “a maior homenagem que podemos prestar ao ilustre e santo Bispo será a restauração da matriz”.

O padre José Joaquim Câmpoa, pároco de Aljezur, destacou o “espírito vivo” dos cristãos após os 200 anos de sagração da igreja. “Continuaremos a zelar pela igreja-templo e por nós que somos pedras vivas da Igreja”, prometeu.

José António Martins, que apresentou a biografia do Bispo homenageado, referiu-se a D. Francisco Gomes do Avelar como um “homem extraordinário para o Algarve e para a Igreja” que “vai ao encontro dos seus diocesanos”.

Destacando algumas obras da autoria daquele Prelado, como o Seminário diocesano, o Hospital da Santa Casa da Misericórdia e o Arco da Vila, em Faro, ou a instância termal, em Monchique, aquele historiador explicou que a igreja de Aljezur começou a ser construída em 1795.

Rui Ventura, também historiador, que se deteve na edificação da igreja matriz, considerou que “D. Francisco Gomes do Avelar soube congregar vontades e alertar consciências” e confirmou que o Prelado “traçou com as próprias mãos na enxada as linhas para a construção da nova igreja”.

O orador afirmou ainda que o valor correspondente a um quinto do custo da igreja foi entregue pelo próprio Bispo para a construção da mesma.

Rui Ventura defendeu ainda que a igreja neoclássica, cujo risco se atribui ao arquitecto Fabri, “exige atenção dedicada e zeladora sem deturpar o espírito que presidiu à vontade do seu fundador”.

O presidente da Câmara de Aljezur, Manuel Marreiros, garantiu que “o município tem estado atento ao património” e enumerou a recuperação das igrejas do concelho.

D. Manuel Quintas evidenciou que “Aljezur está intimamente ligada a D. Francisco e vice-versa”. “Foi um Bispo cheio de dinamismo no seu tempo e nós hoje usufruímos dessas suas qualidades”, reconheceu o actual Bispo do Algarve, alertando para a necessidade de “viver para o tempo presente”. “Evocar o passado é arranjar respostas para o presente”, concretizou.

A terminar, e na proximidade da comemoração dos 200 anos da morte de D. Francisco Gomes do Avelar, considerou “ninguém melhor do que Aljezur para organizar as comemorações desse bicentenário”.

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Agência ECCLESIA

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