Alimentação: Rede internacional de agências católicas defende aposta na «agricultura sustentável»

CIDSE relaciona quebra nos recursos com as alterações climáticas causadas pela produção industrial

Lisboa, 18 out 2012 (Ecclesia) – A CIDSE, rede internacional de agências católicas de desenvolvimento, diz que é essencial apostar na “agricultura sustentável e de pequena dimensão” para contrariar a crise instalada nos mercados alimentares.

Num relatório enviado à Agência ECCLESIA através da Fundação Fé e Cooperação, sua representante em Portugal, a organização sedeada em Bruxelas sublinha que “um terço das emissões de gases com efeito estufa provém das atividades agrícolas em geral e da agricultura industrial em particular”.

Segundo Bernd Nilles, secretário-geral da CIDSE, “a agricultura é, ao mesmo tempo, culpada e vítima das alterações climáticas” e o cenário só mudará se os produtores optarem por “reduzir as emissões” de gases e ao mesmo tempo apostarem em “sistemas alimentares mais sustentáveis, de pequena dimensão e mais resistentes ao clima errático”.

Uma tese que aquele responsável teve oportunidade de defender no lançamento oficial do relatório, intitulado “Agricultura: Do problema à solução”, integrado na reunião da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação que está a decorrer em Roma até ao próximo sábado.

O documento sustenta que a implementação de “sistemas sustentáveis de produção de alimentos que reduzam as emissões de gases de efeito estufa” traria vários benefícios, desde a “redução da contribuição humana para as alterações climáticas” até ao “aumento da capacidade da agricultura para lidar com as alterações climáticas”.

A aplicação de “princípios ecológicos” na produção agrícola permitirá melhorar a “resistência” das culturas a fenómenos meteorológicos cada vez mais frequentes, como “chuvas irregulares, secas e inundações”, salienta Gisèle Henriques, diretora de Política Alimentar da CIDSE.

Contrariando a ideia de que a saída para a “crise alimentar passa pelo aumento da oferta de alimentos”, preconizada pela “agroindústria”, a aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento propõe como outra prioridade a eliminação das situações de “desigualdade e exclusão”.

“As populações mais pobres do planeta passam fome, enquanto 30% dos alimentos são desperdiçados nos países ricos, onde a obesidade já é um problema real de saúde”, recorda aquele organismo, que chama também a atenção para os “pequenos produtores, que são maioritariamente mulheres”.

“Elas não alimentam apenas a maior parte da população mundial, mas são também as mais vulneráveis à insegurança alimentar”, alerta Gisèle Henriques.

O efeito estufa é um fenómeno natural e necessário à manutenção da vida na Terra, já que mantém o planeta com a temperatura adequada.

No entanto, o aumento dessas substâncias na atmosfera, devido à poluição causada pela mão humana, tem levado a um sobreaquecimento climático que põe em causa as culturas agrícolas e consequentemente, as reservas alimentares das populações.

FEC/JCP

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