Algarve: Simpósio «Vaticano II – 50 anos» apresentou desafios à Igreja

Iniciativa juntou oradres como D. Manuel Madureira Dias, Manuela Silva ou Guilherme d’Oliveira Martins

Faro, 26 nov 2013 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve organizou um simpósio sobre o Concílio Vaticano II que marcou o final do Ano da Fé e apresentou vários desafios, este sábado e domingo, no salão paroquial de São Luís.

“Este Simpósio permite-nos tomar maior consciência da identidade e da missão da Igreja e da sua relação com o mundo”, revelou D. Manuel Quintas, bispo diocesano.

Para o prelado esta iniciativa “permite não só apresentar o aprofundamento da doutrina conciliar como manifesta também o dever de cada comunidade paroquial e da diocese no seu todo continuar a propor a todos os cristãos instrumentos de formação integral solicitando e promovendo o serviço evangélico nas várias comunidades”.

O padre António Martins, na conferência “A Igreja: natureza e missão”, explicou que a reunião magna “permitiu um novo diálogo da Igreja com o mundo, do presente com as energias vivificantes do Espírito” e revelou que foram reencontradas “a hierárquica, organizativa, institucional e a comunitária valorizada na sua dimensão espiritual”.

Para o também professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa destacaram-se desafios como “a necessidade de um olhar equilibrado e purificado entre a dimensão espiritual da Igreja e a sua organização estrutural; deve valorizar-se a dimensão da caridade como energia espiritual, privilegiando a atenção e o serviço aos pobres e sofredores; importa reconhecer que a fragilidade da Igreja implica uma conversão contínua e permanente”.

D. Manuel Madureira Dias, bispo emérito do Algarve, aludiu às “circunstâncias históricas, teológicas, socioeconómicas, políticas, litúrgicas, éticas e morais” da época [11.10.1962 a 8.12.1965] e destacou a ação do “Concílio na mudança das mentalidades e das novas metodologias e estruturas de acção e de participação”.

No painel “Memória, recepção e desafios conciliares na Diocese do Algarve” os intervenientes assinalaram, por exemplo, que a novidade do Concílio inspira à evangelização “particularmente dirigida às periferias existenciais, às famílias e aos jovens”.

Manuela Silva, ex-presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, apresentou as “responsabilidades específicas dos leigos” inspiradas na ‘Evangelii Nuntiandi’, no número 70, e “os princípios orientadores da presença dos leigos no mundo”, assinalando também que o lugar da Igreja no mundo da “modernidade e da secularização é a de ser serva e pobre”.

O presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins, reafirmou “a necessidade urgente da Igreja não descurar” a prioridade do Evangelho e da urgência deste “interpelar a vida concreta, pessoal e social dos homens, os direitos e deveres de toda a pessoa humana, faces da mesma moeda, a vida internacional, a paz, a justiça, como justiça distributiva que a todos envolve, o desenvolvimento, novo nome da paz”.

Segundo Guilherme d’Oliveira Martins perante os desafios da atual crise económica considerou “alguns princípios fundamentais para a evangelização”, como: recuperar a recusa da lógica do imediatismo; do lucro fácil; da lógica das meras aparências, de recuperar a ligação entre solidariedade e Caridade ou de contrariar as desigualdades promovendo a justiça distributiva e que a democracia constrói a cidadania.

CB

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