O novo Programa Pastoral para a diocese do Algarve contempla a criação do Secretariado Diocesano da Pastoral Sócio-caritativa, uma lacuna há muito detectada na estrutura organizativa da Igreja algarvia. O cónego José Pedro Martins, vigário episcopal para a pastoral da Igreja do Algarve, esclarece que “o Secretariado Sócio-caritativo é um serviço amplo que abrange todas as situações da acção caritativa da Igreja”. Reconhecendo que o Secretariado em causa apenas “tem existido no papel”, realça que as suas funções “têm sido temporariamente exercidas pela Caritas Diocesana do Algarve”. “Ora a Caritas não é um órgão coordenador de secretariados”, complementa o responsável da pastoral diocesana, referindo-se aos diversos secretariados da pastoral da saúde, da pastoral da mobilidade e pastoral social que deverão ser no futuro coordenados pelo Secretariado da Pastoral Sócio-caritativa. “A Caritas é uma instituição de acção sócio-caritativa da Igreja. Portanto ela própria deve estar incluída no Secretariado a criar, sendo uma das suas expressões”, justifica aquele responsável, considerando que “estes aspectos não têm sido coordenados”. “Os próprios movimentos – clarifica o cónego José Pedro Martins – para efeito da sua relação com a diocese, no âmbito da sua actividade, é com a pastoral sócio-caritativa que devem encontrar-se”, frisando que “a pastoral sócio-caritativa não vai gerir esses movimentos, pois eles têm a sua própria autonomia”. A criação do novo secretariado tem, para o vigário episcopal da pastoral, um único objectivo: “uma maior unidade e uma pastoral de comunhão”. Para Carlos Oliveira, presidente da Caritas Diocesana do Algarve, “tudo quanto aparecer para valorizar a dinâmica da diocese é positivo”. Aquele responsável diocesano explica ainda que “o que a Caritas fez ao longo de muitos anos foi tentar não deixar cair a pastoral social”. “Foi um serviço que prestámos. Não considero que foi uma sobrecarga ou um encargo que tivemos”, acrescenta. A criação do Secretariado revela para Carlos Oliveira “uma maior participação e capacidade de diálogo e uma outra perspectiva de trabalho diferente” daquela que a Caritas Diocesana fazia, o que, na sua opinião, é “positivo”. Para além deste aspecto diocesano, também ao nível paroquial o novo Programa Pastoral recomenda a criação de grupos sócio-caritativos. O cónego José Pedro Martins lembra a este respeito que “há paróquias que ainda não têm o grupo sócio-caritativo devidamente organizado”. “A partir do modelo diocesano, preconiza-se que as paróquias se organizem também devidamente a este nível”, refere. Carlos Oliveira relembra que “cada comunidade paroquial deve ter um grupo sócio-caritativo porque se não o tripé da pastoral da própria comunidade fica ‘coxo’”. “A par das dimensões litúrgica e profética, a terceira que é a sócio-caritativa são o garante da sustentabilidade de uma comunidade paroquial”, salienta Carlos Oliveira. Samuel Mendonça