Fundo social da diocese está praticamente esgotado perante o aumento dos pedidos de ajuda
Lisboa, 20 out 2011 (Ecclesia) – O Refeitório Social da Caritas Diocesana do Algarve, inaugurado no último dia 8 de fevereiro, forneceu mais de 2000 refeições, numa média de quase 50 beneficiários, que acorrem à terça e quarta-feira à noite.
Em declarações à edição online do ‘Folha do Domingo’, semanário da diocese, o presidente da instituição informa que, até 31 de julho, os números oficiais indicavam 1952 jantares fornecidos.
Carlos Oliveira explica, no entanto, que durante muitas semanas, mercê da maior disponibilidade das escolas parceiras do projeto, os utentes levaram para casa, para além do jantar, também o almoço do dia seguinte e essa refeição suplementar não foi contabilizada.
A valência da Caritas algarvia retomou a sua atividade no último dia 11, após ter sido suspensa em agosto e setembro para “reorganizar os serviços”.
O refeitório funciona em complementaridade com respostas de outras instituições da capital algarvia como a Santa Casa da Misericórdia (que proporciona almoços), o CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo ou a paróquia de São Pedro (que facultam jantares noutros dias da semana).
A valência funciona em sistema de “take away”, tendo começado por fornecer refeições a 40 utentes por dia.
“Foram aparecendo mais pessoas com o aproximar do verão. Podem ter sido passantes, mas também residentes que nos procuraram porque as escolas fecharam e tiveram necessidade de alimentar aos filhos que eram apoiados pelo SASE – Serviços de Ação Escolar”, testemunha Carlos Oliveira.
As refeições são doadas por escolas, parceiras da Caritas algarvia neste projeto, que oferecem o excedente confecionado nos seus refeitórios.
“As perspetivas que temos em relação ao futuro próximo não são nada animadoras. Tudo indica que as pessoas vão ficar de tal maneira «sufocadas» que vão ter de optar entre o pagamento de rendas de casa, água e luz e a alimentação”, augura o presidente da Caritas.
Este responsável explica que até agosto deste ano já tinham sido feitos 901 atendimentos, o que representa já um aumento de 20% em relação a 2010, ano que, por sua vez, já tinha tido um aumento de 90% em relação a 2009.
“A Caritas não irá ter capacidade de resposta para as solicitações que lhe vão aparecer”, adverte Carlos Oliveira.
O presidente da Caritas algarvia, que integra a equipa de gestão do Fundo Diocesano Social, diz ainda que este se encontra praticamente esgotado.
Do total de 49 mil euros, recebidos desde a Quaresma (abril) deste ano, restam 1925 euros.
Carlos Oliveira refere que até finais de julho os pedidos de ajuda eram sobretudo provenientes de pessoas individuais e de casais, mas, ultimamente, a situação alterou-se.
“Já nos «batem à porta» empresários”, lamenta aquele responsável, explicando que a maioria dos pedidos de auxílio são para “pagamentos de rendas atrasadas, de água, de luz, de gás e de propinas dos filhos”
SM/FD/OC