Algarve: Pobreza envergonhada e sazonalidade alteram realidade de apoios sociais

Faro, 09 abr 2015 (Ecclesia) – A cantina social do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe fornece diariamente 50 refeições – 25 almoços e 25 jantares – a pessoas carenciadas e a diretora técnica pede ajuda para os casos de pobreza envergonhada.

“Algumas pessoas têm vergonha e não querem passar por essa «humilhação» porque ainda encaram dessa forma. Já me têm sinalizado, tenho ido ao encontro das pessoas para falarmos e tenho tido sucesso nalguns casos”, disse Tânia Viegas ao jornal diocesano Folha do Domingo.

Esta valência faz parte das cerca de 850 cantinas que integram a Rede Solidária das Cantinas Sociais em Portugal, medida criada ao abrigo do Programa de Emergência Social lançado em 2011 pelo Governo, e está autorizada a fornecer cem refeições, o dobro das atuais.

A responsável adianta que, ao longo de dois anos, o número de apoiados tem aumentado mas tal como o emprego na região, este serviço caritativo também é marcado pela sazonalidade.

“Durante o inverno, aumenta e depois, no verão, por esta altura, diminui”, acrescentou a diretora técnica do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe.

A responsável comenta ainda que existem pessoas que se “habituam a este tipo de vida e não querem mudar”, deixam de querer fazer e desmotivam.

“É um ciclo, muito difícil quebrar, em que a pessoa entra e é preciso alguma força para ultrapassar”, analisa.

A cantina social atualmente serve 50 refeições – 25 almoços e 25 jantares – a 25 famílias prioritariamente da freguesia, cujo rendimento mensal per capita seja inferior a 184 euros.

“A Segurança Social autoriza-nos a cobrar até um euro por refeição naqueles agregados que o valor per capita o permita. Só três ou quatro é que pagam 50 cêntimos”, revelou Tânia Viegas, que acrescentou que a Segurança Social apoia com 2,50 euros por refeição e a refeição tem um custo médio de 4,20 euros.

A diretora técnica comenta ainda que as refeições podem ser levantadas entre as 11h30 e as 13h00 e as 18h30 e as 19h30 mas existe quem “não têm transporte e vive longe”.

“Quando alguns casos ficam dentro da rota do Serviço de Apoio Domiciliário, incluímos essas entregas”, acrescentou.

A responsável do Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe adiantou ainda que estão a considerar criar um serviço de fornecimento de refeições em regime de take away, que vai ajudar a financiar o apoio social da instituição.

“Apercebo-me das dificuldades que os pais têm para vir buscar os filhos no horário normal porque, cada vez, vêm mais tarde”, disse a responsável que neste contexto percebeu a “dificuldade” destes estarem com as crianças e um “serviço de refeições” pode colmatar essa situação.

O jornal diocesano revela que com o objetivo de financiar o seu apoio social, o Centro Paroquial de Santa Bárbara de Nexe já a funcionar um “serviço de catering para eventos em todo o Algarve”.

FD/CB

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