Com Salvador Mendes de Almeida e António Quadros e Costa
Faro, 05 mai 2019 (Ecclesia) – A Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, promoveu um serão familiar na Escola Poeta António Aleixo, marcado pela temática do desafio da deficiência, através do testemunho de Salvador Mendes de Almeida e de António Quadros e Costa.
Salvador Mendes de Almeida está tetraplégico há mais de duas décadas, depois de um acidente de moto no Algarve, em 1998, tinha ele na altura 16 anos.
“Ter a presença dos meus amigos, ter a minha mãe todos os dias e o meu pai ao fim de semana e o facto de ter Deus também presente na minha vida fez não me sentir tão perdido. É muito importante ir-se adaptando e, sobretudo, não se fechar e partilhar com os outros estas dificuldades”, sublinhou.
Durante uma iniciativa intitulada ‘Quando a vida nos prega uma partida’, da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, de Portimão, Salvador Mendes de Almeida destacou a importância das pessoas com deficiência, ou que foram tocadas por uma tragédia, nunca desistirem da vida, apesar das dificuldades, e nunca deixarem de traçar objetivos e metas.
“Fui aprendendo a viver e a continuar a sonhar. Os sonhos de ser atleta de alta competição, de ir para a seleção de râguebi, de continuar a saltar a cavalo e de continuar a lutar pelas melhores classificações tiveram de ser modificados”, recordou.
“Reaprendi a fazer a minha vida de uma muito mais limitadora e com muito mais ajudas. Uma das coisas que aprendi é que tem de ser um passo de cada vez e viver a sorrir um dia de cada vez”, acrescentou Salvador Mendes de Almeida.
Que criou em 2003 a ‘Associação Salvador’, ligada à área social e que tem como objetivo o apoio a pessoas mais carenciadas ou desfavorecidas.
Quanto ao outro orador da sessão, António Quadros e Costa, viu aos 15 anos ser-lhe diagnosticada uma atrofia muscular espinal tipo 3, que basicamente limita a manutenção e regeneração dos músculos.
Tal como Salvador, António Quadros e Costa tinha uma grande paixão “pela equitação e pelo desporto”, e com o anúncio desta condição chegou um “período de negação” seguido de outro “de revolta e de choro”.
“Revolta com a vida, com os outros, com Deus, com tudo. Até que um dia tive que aceitar e aprender a viver”, apontou aquele jovem, que tem como lema “confiar” em Deus e na vida em vez de “viver amedrontado”.
“É importante dar este crédito e este ato de confiança e de fé porque ela sabe mais sobre nós do que nós próprios”, acrescentou.
António lembrou ainda uma outra aprendizagem que fez ao longo dos anos em que se confrontou com a sua doença, a necessidade de “não estar centrado no próprio sofrimento” mas viver aberto “às alegrias” do dia-à-dia e “à vida dos outros”.
“Estar em paz permite olhar com um olhar atento para a vida dos outros, estar mais atentos ao que se passa à nossa volta”, completou.
JCP