Algarve: Diocese promoveu formação em psicoterapia familiar

Bispo participou na ação «Acolhimento a famílias e casais – que contextos mais frequentes no mundo atual»

Faro, 02 dez 2016 (Ecclesia) – O clero da Diocese do Algarve participou numa ação de formação em psicoterapia familiar para que “possa estar mais apto” para a assistência espiritual às famílias.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o jornal diocesano ‘Folha do Domingo’ explica que a formação no Seminário de São José, em Faro, reuniu 37 elementos onde participou o bispo diocesano, D. Manuel Quintas, sacerdotes, diáconos.

O bispo diocesano considerou que a formação vai ajudar a diocese algarvia a ter uma “resposta pastoral” que considera ser “urgente”.

“Perceber como criar espaços para a escuta e para o acolhimento, de maneira que as pessoas se sintam integradas e não excluídas daquilo que é a realidade eclesial”, comentou D. Manuel Quintas, referindo que querem organizar-se “neste sentido”.

A psicóloga clínica e terapeuta familiar que apresentou o tema ‘acolhimento a famílias e casais – que contextos mais frequentes no mundo atual’ desafiou à criação de uma “rede de cooperação” com técnicos, de preferência católicos, que os possam ajudar na resolução das problemáticas familiares.

“São famílias de uma densidade inter-relacional brutal, de uma complexidade imensa, frequentemente com níveis de conflitos manifestos significativos, mas com níveis de conflitos latentes muito mais significativos”, disse Margarida Cordo sobre o desafio de ajudar as famílias atuais, muitas delas a viver segundas e terceiras uniões.

A formadora assinalou que em caso de deteção de uma “patologia grave” em algum dos membros do casal ou da família “é fundamental” que seja reencaminhado para a ajuda técnica.

“Se as «feridas» de um dos dois membros do casal forem demasiado extensas também deve ser encaminhado para ajuda técnica e, claramente, para terapia familiar”, acrescentou.

O sacerdote, alertou a psicóloga clínica, “não deve fazer intervenções de mudança” no padrão de relações que “ultrapassem ou toquem aspetos clínicos”, assinalando a importância de “identificar as fronteiras da intervenção” e haver uma articulação possível “para fazer o melhor” pelas famílias.

Segundo a psicoterapeuta, que trabalha em terapia familiar há mais de 20 anos, sacerdotes e técnicos são “responsáveis por impregnar a vida das famílias de fé, esperança e caridade” mas é preciso “cuidado com as expetativas”.

“Não podemos prometer cura de relações. Podemos prometer uma ajuda que, por ventura, abre caminhos. O papel do sacerdote é ser um ausente presente. Não está com eles mas está para eles. Não faz por eles o caminho que devem trilhar, mas está lá para os ajudar a abrir mais perspetivas naquele caminho”, desenvolveu Margarida Cordo.

Ao clero da Diocese do Algarve, a formadora disse também que as abordagens devem ser feitas no “entendimento do quadro relacional que é vivido pelas pessoas”, ou seja, têm de “ajudar as pessoas a perceber que se é a família ou o casal que está a pedir ajuda”.

“Não estamos nem perante culpados, nem vítimas. Estamos perante uma rede de relações que tem um padrão que não funciona adequadamente”, sublinhou.

Apontando o sacerdote como “alguém que ajuda o casal a congregar os projetos de cada um”, Margarida Cordo pediu, contudo, “atenção” para “projetos diferentes” e “projetos antagónicos” porque “um casal une-se, mas não se funde”, divulgou o jornal ‘Folha do Domingo’.

CB

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