«Olhando para aquilo que nos rodeia e até para aquilo que nos espera, os sinais de esperança são muito poucos» – D. Manuel Quintas

Loulé, 28 mai 2025 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve reuniu os Centros Sociais Paroquiais e as Santas Casas da Misericórdia, cerca de 65 participantes refletiram sobre os desafios deste setor e sobre a vivência do Ano Santo 2025, neste encontro anual, em Loulé.
“Vejo estas instituições que cuidam dos mais frágeis, dos mais idosos ou das crianças, como lugares de esperança e sinais de esperança no mundo de hoje. Esta é uma missão importante e nobre, sobretudo num mundo onde, olhando para aquilo que nos rodeia e até para aquilo que nos espera, os sinais de esperança são muito poucos”, disse o bispo do Algarve, divulgou, esta terça-feira, o jornal ‘Folha do Domingo’.
D. Manuel Quintas pediu aos cerca de 65 agentes do terceiro setor que se sintam “mensageiros de esperança”, no âmbito do Ano Santo 2025, que a Igreja Católica está a celebrar a partir do tema da esperança.
O encontro anual dos Centros Sociais Paroquiais e das Santas Casas da Misericórdia na Diocese do Algarve realizou-se na quinta-feira, dia 22 de maio, em Loulé, a Missa foi presidida pelo bispo, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade – ‘Mãe Soberana’, e a reflexão no Centro Paroquial.
O presidente do Secretariado Regional do Algarve da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) lamentou que o Estado esteja a fazer unidades de saúde dos lares e que utentes com “um problema de saúde mental”, ou um problema oncológico “para o qual não há resposta”, vão “para debaixo do ‘tapete’”.
“Em vez de serem Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, vão ser Estruturas de Saúde para Pessoas Idosas”, assinalou.
Segundo Armindo Vicente, as vagas sociais nas instituições de acolhimento a idosos estão a ser usadas para viabilizar as altas hospitalares, e exemplificou que uma cama no hospital “custa 600 euros por dia” e querem “pôr os utentes a pagar 54 euros por dia” no lar.
O orador, que é o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo, referiu também que o valor atribuído pelo Estado por utente não seja atualizado desde 2020, quando os utentes com demências “subiram exponencialmente” nos últimos anos, o complemento estatal para utentes com demências é de 142 euros.
“Na Misericórdia de Vila do Bispo, quando entrei como provedor há 8 anos e meio, tínhamos 7% de utente com demência, agora temos 52%; quem tem demência não pode ter o mesmo valor de comparticipação de uma pessoa que seja autónoma”, acrescentou Armindo Vicente, que incentivou ainda as instituições do terceiro setor à “partilha e racionalização de serviços e meios”.
No encontro dos Centros Sociais Paroquiais e das Santas Casas da Misericórdia foi apresentado também o tema ‘O Jubileu da Esperança e a dimensão social dos Jubileus’.
O cónego Carlos de Aquino disse que é um tempo privilegiado para refletirem “sempre sobre o agir e os grandes desafios” da sociedade, como “a pobreza, as desigualdades estruturais, a exploração económica, os conflitos armados, a violência, a degradação ambiental”.
O pároco de Loulé explicou que o Jubileu “devolvia às próprias famílias a sua independência e a sua dignidade”, e quando se fala “tanto de dignidade, até dos valores de Abril”, lamentou que “está pelas ruas da amargura o exercício desta dignidade humana, até da sua defesa da vida”.
“Os cristãos não podem silenciar a sua voz sobre estas questões porque elas interpelam a todos. Num mundo marcado por desigualdades, pela concentração do bem, dos bens, pela indiferença à dor do outro, do próximo, este Ano Jubilar confronta-nos com exigências concretas, como sejam, compartilhar, restituir, reconciliar, perdoar”, desenvolveu o cónego Carlos de Aquino, da Diocese do Algarve.
A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco que o dedicou ao tema da esperança.
CB/OC