Algarve: Cuidados paliativos chegam apenas a 17% das pessoas necessitadas

Fátima Teixeira, coordenadora regional da Rede Nacional de Cuidados Paliativos, apresentou a situação em Portugal

Faro, 28 mai 2018 (Ecclesia) – A coordenadora regional da Rede Nacional de Cuidados Paliativos no Algarve alertou que apenas 12 mil pessoas beneficiam dos cuidados paliativos quando existem cerca de 70 mil pessoas necessitadas, no debate ‘Legalização da Eutanásia em Portugal. De que falamos?’.

“Os doentes deveriam ser mais informados das hipóteses de sucesso de certos tratamentos fúteis ou desproporcionados”, afirmou a médica Fátima Teixeira considerando que assim podiam decidir se os querem ou não realizar, em consciência e liberdade.

Para a coordenadora regional da Rede Nacional de Cuidados Paliativos no Algarve existe “muita desinformação sobre o que são realmente os cuidados paliativos”, uma “disciplina médica altamente especializada cuja formação é complexa e dispendiosa”.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, o jornal ‘Folha do Domingo’ contextualiza que o debate ‘Legalização da Eutanásia em Portugal. De que falamos?’, em Faro, foi organizado por um grupo de advogados e médicos, na Diocese do Algarve.

Fátima Teixeira assinalou que os cuidados paliativos podem e devem começar “muitos anos antes” da fase terminal da doença.

A médica e também professora na Universidade do Algarve defende o investimento nessa especialidade em vez da legalização da eutanásia e adiantou que de cerca de 70 mil pessoas necessitadas, apenas 12 mil têm acesso aos cuidados paliativos, ou seja, 17%.

O advogado Jorge Leitão destacou que a vida é um “bem indisponível e inalienável, de natureza ética e fundamental” e que o texto da lei, pela sua indefinição, pode conduzir a uma “caixa de Pandora” com “vários abusos como os que se assistem em países como a Holanda ou a Bélgica”.

Segundo o jornal diocesano, o orador a discussão do tema da eutanásia não pode ter por base nem a democracia das sociedades – “que poderia, por absurdo, permitir a escravatura desde que fosse aceite pela maioria” –, nem mesmo a disponibilidade total de cuidados paliativos, se ela existisse.

A organização convidou também o terapeuta de cuidados paliativos, Humberto Oliveira, também alertou para a falta do debate na sociedade e apelou à intervenção junto dos deputados.

“Se nascemos acompanhados, devemos morrer acompanhados”, disse o profissional do Hospital de Faro, no debate realizado na sexta-feira, 25 de maio.

Segundo o médico Humberto Oliveira, as pessoas que trata “não têm tanto medo da morte” mas “do sofrimento e da solidão” e destacou a importância de valorizar o saber cuidar o paciente, mesmo quando não é possível salvá-lo, na formação dos médicos.

Já a coordenadora regional da Rede Nacional de Cuidados Paliativos no Algarve acrescentou que é “trabalhoso falar com o doente” e pode ser “mais fácil tratar apenas os sintomas físicos”.

Contudo, segundo Fátima Teixeira, nos cuidados paliativos isso é “manifestamente insuficiente” porque é necessário “fazer uma abordagem ao doente global e não apenas física”.

A também professora na Universidade do Algarve destacou que o curso de Medicina é o único em Portugal onde há um módulo obrigatório de cuidados paliativos e que no hospital de Faro estão a tentar que os cuidados paliativos tenham uma unidade autónoma própria, informa o jornal ‘Folha do Domingo’.

CB

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Agência ECCLESIA

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