O movimento ‘Algarve pela Vida’ foi oficialmente apresentado no passado dia 9 de Janeiro em Faro, um dia antes da entrega das 7.578 assinaturas na Comissão Nacional de Eleições (CNE) para sua constituição legal ao abrigo da Lei Orgânica do Regime do Referendo, que lhe permitirá fazer campanha pelo ‘não’ ao aborto. Na conferência de imprensa de apresentação pública, introduzida por Francisco Paulino, que contou com a presença de Luís Villas-Boas, mandatário do ‘Algarve pela Vida’, Isilda Pegado, presidente da Fede-ração Portuguesa pela Vida (FPV), Helena Boavida, médica de família e de Miguel Reis Cunha, membro da Comissão Executiva do movimento, foram defendidas as razões pelas quais os algarvios devem votar ‘não’ no próximo dia 11 de Fevereiro. O fundador da Emergência Infantil realçou na sua intervenção que “todos temos uma missão a cumprir: apoiar a mãe”. “E há quem o faça em Portugal e terá de haver muito mais intervenção do Estado, das instituições e dos cidadãos. Antes da gravidez, durante a gravidez e após o parto”, afirmou, considerando que “em Portugal há soluções que podem e devem ser adoptadas porque são inovadoras, respeitam os direitos da mãe, ajudam a realizar o direito à família”. “Temos soluções que vão ao encontro do tão propalado e tão aviltado superior interesse da criança. Ao direito à Vida, deve seguir-se o incontornável direito à família”, complementou, lembrando que “há milhares de portugueses que querem e não podem ter um filho”. “Que direito tem alguém de negar um nascimento que iria configurar o direito dessa criança, como de todas, a uma família e a felicidade extrema de quem vive de braços abertos à espera de um filho de coração?”, interrogou. O trauma do aborto Villas-Boas, que começou por deixar claro a sua presença no movimento pela ‘Algarve pela Vida’ na “condição de cidadão” e que as suas ideias “não vinculam qualquer outro cidadão ou instituição”, lembrou que “só cada mulher sabe em si mesma, o rasto que um aborto, ou mais, nela deixou”. “A depressão, a iriação suicidária, o sentimento de culpa, a vontade interior de libertação da ideia que não deixou nascer um filho, a dúvida eterna de quem viria a ser aquele seu filho, o que pensa ou sente o pai presente ou ausente, cúmplice ou apoiante, indiferente ou acusador” foram alguns dos aspectos sublinhados pelo psicólogo clínico. “Portugal, que tanto fala no exemplo da Finlândia como país de sucesso – que o é de facto noutras áreas – porque não medita nos números inquietantes de mulheres com perturbações afectivas de humor, graves e pós-traumáticas ao aborto?”, interrogou, certo de que “a Vida começa com a fecundação do óvulo e daí até ao nascimento há uma criatura humana com dignidade e com direitos”. “E não é às 9 semanas que tem mais dignidade ou direitos do que às 18, às 30 ou quando nasce”, acrescentou o mandatário. O psicólogo clínico considerou ainda que “legalizar o aborto é fazer disparar como na Suécia 1100 por cento a sua ocorrência; no Reino Unido, 730 por cento; em Espanha 370 por cento; e na Grécia, 200 por cento”. A prevenção, a informação e o apoio contra o crime “Entendo que nenhuma mulher deve ser julgada e muito menos presa por aborto. À mulher que acaba com a sua gravidez bastar-lhe-á para sempre o sofrimento atroz que vai ter dentro dela”, defendeu Villas-Boas, frisando, porém, que é necessário “encontrar formas de lidar, sem estigmatizar a mulher que abortou como uma criminosa e, ao mesmo tempo, criar mecanismos ajustados para defender a Vida e que assenta no conceito de que o aborto antes das 10 semanas pode e deve ser evitado”. “É precisa uma nova pedagogia da maternidade, a par do efectivo apoio durante a situação de risco abandónico. Não ao aborto e ao recurso aos tribunais! Sim à prevenção, informação e apoio total à grávida!”, concluiu, indo ao encontro dos 75,6 por cento de mulheres que respondeu que “desejaria ser ajudada e apoiada a manter a gravidez e poder ter o bebé”, num estudo encomendado ao Centro de Sondagens da Universidade Católica Portuguesa, em detrimento das outras duas opções que eram “que o aborto fosse livre para poder abortar sem ser crime” (13,5%) e “ser encaminhada para uma clínica onde fizesse o aborto de imediato e sem risco para a saúde pública” (10,2%).