Algarve: Cáritas Diocesana angariou 380 quilos de alimentos, uma ajuda para «duas semanas, se der»

«Estamos a prever que a situação do desemprego aumente na nossa região» – Carlos Oliveira

Foto: Folha do Domingo

Faro, 09 jun 2020 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana do Algarve explicou recolheu 380 quilos de alimentos para o serviço de atendimento da instituição em Faro, onde se registou um aumento na procura de ajuda superior a 60%, com a pandemia de Covid-19.

“Dura para duas semanas, se der, esta quantidade de género que adquirimos. Temos depois para outras situações outras respostas, com parcerias de outras entidades que vamos, diariamente, fazendo essa recolha e vamos compondo as coisas mais ou menos”, disse hoje Carlos Oliveira à Agência ECCLESIA.

A Cáritas do Algarve regista um aumento da procura social de 63% em Faro com a situação do coronavírus Covid-19 e está a apoiar 372 pessoas – a 17 de março o número de beneficiários regulares era de 237.

“Estamos a prever que a situação do desemprego aumente na nossa região, que é uma região de emprego sazonal, não havendo turismo, não havendo restauração, pode ter consequências mais gravosas e a curto prazo”, alerta Carlos Oliveira.

O presidente da Cáritas Diocesana do Algarve assinala que “ninguém estava à espera” que a situação originada pela pandemia do Covid-19 tivesse uma “repercussão tão grande em termos de tempo e consequências”, como o desemprego, “pessoas em lay-off, com cortes de vencimento”, pessoas em casa a tomar conta dos filhos “com apoios à infância mas com corte nos vencimentos” e, “atendendo às suas necessidades”, foram procurar ajuda.

Vamos esperar que as coisas melhorem mas não vejo com bons olhos que, de um momento para o outro, possam alterar. Vamos ter sinais evidentes de pobreza na região da diocese”.

A Cáritas Diocesana do Algarve promoveu uma campanha de recolha de alimentos entre 1 e 6 de junho, em três postos de atendimento em Faro: a sede do Agrupamento 98 Faro do Corpo Nacional de Escutas, na capela de São Luís e na sede da instituição caritativa.

Carlos Oliveira assinala que existiu “alguma participação” das pessoas, “possivelmente, não tanta quanto” desejariam, mas na organização católica são “sempre um bocadinho mais ambiciosos”: “Faz parte da nossa essência mas tudo o que vier é sempre bem-vindo”.

“Todas as ajudas que vierem são sempre bem-vindas, sejam de cinco euros, sejam de 1000 euros, são sempre bem-vindas. O volume global é que é importante para fazer face a todas estas situações, qualquer ajuda é sempre bem-vinda por muito pouco que seja”, realçou o entrevistado.

O presidente da Cáritas Diocesana do Algarve adianta que também está a apoiar pessoas no pagamento de despesas pecuniárias como a renda de casa, a medicação, a água, luz e gás em conjunto com os apoios que a Cáritas Portuguesa “estabeleceu para esse fim” e com “alguns fundos” que foram adquirindo com outras instituições com quem fizeram parcerias “nesse sentido, nomeadamente a câmara municipal”.

Carlos Oliveira explica que o “aumento” dos pedidos de ajuda foi registado só em Faro, mas da troca de informações com as Cáritas Paroquiais assinala que esse número “é abrangente a todo o Algarve” e “depende da localização”: numa “cidade grande” como Portimão, “virada para o turismo, é normal que esse valor venha a aumentar”.

“Estes aumentos são de pessoas que não pediam ajuda, tinham a sua vida estabilizada e não têm outra alternativa”, explica o presidente da Cáritas Diocesana do Algarve.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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