Técnica Ana Sofia Pereira explica que «é inevitável a perda do poder de compra e o agravamento da pobreza»
Faro, 05 fev 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana do Algarve informa que se tem “assistido a um aumento do número de pedidos de apoio” e a instituição mantém a sua ação de atendimento “apesar do novo período de confinamento”.
“Quem já estava numa situação de fragilidade em termos económicos e sociais este confinamento veio em muitos dos casos agravar as necessidades. A maioria dos novos casos são agregados familiares que viram os seus rendimentos reduzidos devido a situações de desemprego, de ‘lay off’, ou de apoio à família, que pelas suas características, originaram perda de remuneração”, disse Ana Sofia Pereira, do Departamento de Ação Social, à Agência ECCLESIA.
A técnica de ação social da Cáritas Diocesana do Algarve lembra que o desemprego na região está “intimamente relacionado com o turismo e a sazonalidade”, por isso, não têm “dúvidas que a fragilidade das famílias vai aumentar”, sendo necessário “um crescimento económico para que haja retoma”.
“Infelizmente, é inevitável a perda do poder de compra da população e o agravamento da pobreza”, acrescenta, indicando que “mais de um quarto dos desempregados no Algarve são estrangeiros” e há uma “grande procura” de apoio sobretudo de pessoas de nacionalidade brasileira.
Ana Sofia Pereira salienta que a ação da Cáritas Diocesana do Algarve “mantém-se apesar do novo período de confinamento” e o mais solicitado “é o apoio alimentar e pagamento de despesas”, como renda de casa, medicação, água, luz e gás.
A instituição vai “continuar a prestar o apoio” que oferece à comunidade, tentado reinventar-se “para conseguir responder às novas solicitações” e, neste momento, estão a pensar num “conjunto de novas ações” para substituir o peditório anual de rua que “não poderá ocorrer nos moldes” tradicionais, mas a solidariedade com a Cáritas Diocesana do Algarve “tem-se mantido e até tem sido reforçada”.
Ana Sofia Pereira contabiliza que “beneficiavam de apoio de forma regular 237 pessoas”, até meados do mês de março de 2020, mas com o início da pandemia o “número de atendimentos sociais aumentou substancialmente”, e no final de maio atingiram “um pico” de “387, mais 150 pessoas, que se traduz num aumento de 63%”; Depois de “um abrandamento” de junho a outubro, nos meses de novembro e dezembro registaram “um aumento da procura” que “foi agravado” com o “novo confinamento em janeiro de 2021”.
A entrevistada adianta ainda que existem várias ações de solidariedade em curso, de âmbito diocesano – as campanhas ‘Colega a Colega’, dirigida a crianças da catequese, grupos de jovens e Agrupamentos do CNE, ‘Vizinho a Vizinho’, para apoio de “famílias necessitadas”, e “Linha da frente Universitária”, para estudantes universitários “com dificuldades em alimentação” – e a nível nacional ‘Vamos Inverter a Curva da Pobreza’, da Cáritas Portuguesa.
A técnica de ação social Ana Sofia Pereira disse também que durante a pandemia assistiram “a um aumento dos casos de violência doméstica”, um problema que “já existiria mas foi agravado por uma maior convivência provocada pela situação de confinamento”, situações que “são encaminhadas” para instituições que trabalham a área da violência doméstica.
CB