Algarve: Bispo pediu aos padres a renovação da sua identidade sacerdotal

Sacerdotes da diocese convidados a «compensar qualitativamente» a diminuição e envelhecimento do clero

Faro, 21 abr 2011 (Ecclesia) – O bispo do Algarve lançou hoje um forte apelo aos padres da diocese no sentido da renovação da sua identidade sacerdotal, diariamente alimentada na Eucaristia.

D. Manuel Quintas, que teve quase todos os sacerdotes do Algarve a concelebrar consigo esta manhã, na Missa Crismal que se realizou na catedral de Faro, deixou claro que é preciso que os presbíteros sejam “padres novos”.

“A revitalização permanente da nossa identidade exige-nos que sejamos padres novos, ou seja, convertidos, renovados e rejuvenescidos pela ação do Espírito, pois só desse modo poderemos compensar qualitativamente a diminuição do número e as limitações da idade”, afirmou.

Para a concretização desta revitalização, diretamente relacionada com a “fecundidade do ministério”, apontou três aspetos que considerou importantes, a começar pela participação no retiro anual de sacerdotes promovido pela diocese.

“Não vos dispenseis facilmente de fazer o retiro anual, integral e sério, assumido como tempo de silêncio, de oração pessoal, de orientação espiritual, de renovação da vida e do ministério à luz de Cristo e do Evangelho”, exortou, considerando que “causa sempre alguma perplexidade quando, ano após ano, se prescinde deste importante meio de crescimento espiritual e pastoral”.

De seguida referiu-se à necessidade de criação de uma “regra de vida pessoal” como “meio para inspirar, regular e harmonizar as diversas dimensões da vida, a qual contemple tempo para a oração e para o ministério, para o estudo, os amigos, a família e para os colegas presbíteros”.

“Trata-se de um instrumento privilegiado para uma vida integrada e equilibrada, que ajude a estabelecer prioridades pessoais e pastorais, distribuídas de modo harmonioso ao longo do dia, de modo a garantir que nada do que é essencial na vida de um sacerdote seja secundarizado ou esquecido”, justificou, observando que “a insatisfação pessoal é habitualmente consequência de um ministério não fecundado pela «chuva» da oração”.

Por último salientou a importância da constituição e integração de “grupos de apoio mútuo” com o objetivo de “promover o bem-estar espiritual e a harmonia pessoal, através de encontros regulares para estar uns com os outros, rezar juntos, «sonhar» juntos, apoiar-se mutuamente, cultivar uma relação que permita dizer até as coisas mais difíceis uns aos outros de modo fraterno e amigo”.

“A solidão não integrada pode tornar-se negativa na vida de um padre”, advertiu, lembrando que a corresponsabilidade comum dos sacerdotes realiza-se também no apoio mútuo estes que devem prestar uns aos outros.

O prelado defendeu que este caminho trará não só “proveito pessoal” para os sacerdotes, como para os fiéis que lhes estão confiados, apelou a um “progressivo moldar” do coração e das atitudes e lembrou que, “só uma vida espiritual centrada na Eucaristia pode dar sentido ao dom do sacerdócio, fecundidade ao próprio ministério, fidelidade a Cristo e à Igreja, discernimento nas opções pastorais e fortaleza nas adversidades”.

O bispo diocesano, que pediu aos cristãos estima e oração pelos presbíteros, diáconos e seminaristas, regozijou-se com o crescente “envolvimento e sensibilização” das comunidades paroquiais na Pastoral Vocacional e lembrou que “o caminho a percorrer neste sentido continua a ser exigente”.

“A mentalidade dominante, dentro e fora da Igreja, e os obstáculos que lhe estão associados continua a exigir dos que servem a diocese nesta área pastoral, doação, gratuidade e confiança plena no Senhor da messe”, disse.

Os sacerdotes do Algarve reuniram-se em torno do seu bispo para celebrar, em Eucaristia, a unidade e comunhão de todo o presbitério algarvio e de cada comunidade paroquial com o pastor da diocese, sentido de comunhão eclesial manifestada também na presença de muitos fiéis de todo o Algarve que fizeram questão de acompanhar os seus párocos.

Durante a celebração foram ainda benzidos e consagrados os óleos usados durante o próximo ano na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma, Ordem ou Santa Unção, ou na dedicação dos altares ou de novas igrejas.

Particularmente significativo foi ainda o momento da renovação das promessas sacerdotais dos presbíteros presentes.

SM/FD/OC

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Agência ECCLESIA

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