Faro, 11 out 2014 (Ecclesia) – O bispo de Santarém apresentou aos católicos do Algarve, em três encontros, uma reflexão sobre o tema “Igreja em saída”, da exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, que é um convite a “viver a missão”.
“Viver a missão é uma das linhas transversais desta exortação apostólica” e uma expressão muito usada pelo Papa exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, disse D. Manuel Pelino na paróquia de São Luís, em Faro.
Segundo o prelado, o Papa fala “como um pastor”, a partir do que “vive e do que sente, da preocupação de se fazer entender com uma linguagem popular e muito acessível” que provém da sua experiência e da sua pregação de muitos anos.
Aos católicos algarvios, o orador comentou que atualmente há uma tendência na Europa de “uma religião fechada num íntimo” e até com “um certo complexo de se mostrar publicamente” porque os crentes têm “receio” de mostrar sinais de fé para “não ferir a sensibilidade dos descrentes”.
O bispo de Santarém realizou três encontros, em dois dias, com os católicos de diferentes zonas da Diocese do Algarve: “Primeiro na igreja matriz de Portimão com os crentes do barlavento algarvio, depois no Seminário de São José de Faro com o clero e, por último, no salão da paróquia de São Luís, em Faro, com os crentes do sotavento algarvio”, explica o jornal diocesano Folha de Domingo.
D. Manuel Pelino, sobre o “paradigma do Pentecostes” presente no documento, considerou que a exortação apostólica de Francisco “tem por trás a inspiração da ‘Evangelii Nuntiandi’ [do Papa Paulo VI] que despertou muito entusiasmo na altura mas que talvez tenha ficado um pouco na ‘gaveta’”.
“Um documento programático e também paradigmático” que “é um convite a uma nova etapa evangelizadora, marcada pela alegria, a indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”, desenvolveu o bispo de Santarém.
“Este convite do Papa faz-nos pensar que a Igreja, mesmo quando cansada, recomeça. E está na altura de uma nova primavera e de um novo recomeço”, assinalou por sua vez aos padres e diáconos do Algarve, esta quinta-feira, onde confessou ter a “impressão” de que o clero “também está um pouco desanimado”.
O orador observou que este convite pode “obrigar a refletir” o estilo cristão que “está muito marcado pela cruz” e lembrou que o Papa diz que a cruz não pode ser anunciada “sem a ressurreição”.
“O Papa diz que a tristeza vem do individualismo, as pessoas estão a tornar-se numa «ilha». Estão a pôr a alegria no consumismo. O consumismo fecha a pessoa em si. Estamos a par de tudo mas não nos impressionamos com nada”, alertou D. Manuel Pelino que disse que a “a Igreja precisa ser educada para a alegria”.
Aos sacerdotes algarvios, o bispo de Santarém, destacou três propostas que Francisco apresenta no capítulo quinto da “A Alegria do Evangelho: “Estar próximo da vida das pessoas”; “a humildade e a afabilidade” e “semear com esperança e alegria”.
Por isso, pediu aos padres que tenham “iniciativa” e criem novidade para não apresentarem uma pastoral que “corre sempre o risco de ‘tapar buracos’” e “responder a pedidos”.
“Na nossa ação pastoral estamos mais habituados a pedir que venham. Agora temos de chamar e enviar”, observou.
O jornal diocesano contabiliza ainda que no encontro de Portimão, na quarta-feira, foi participado por cerca de 350 pessoas. Ontem, em Faro, no encontro do clero estiveram cerca de 42 padres e diáconos e em São Luís cerca de 200 participantes.
FD/CB