Departamento da Pastoral do Turismo da região foi pioneiro na área, procurando que celebração dos sacramentos estivesse disponível em diversas línguas, património e marcas culturais da região fossem acessíveis a quem procura o algarve o ano todo
Tavira, 08 ago 2025 (Ecclesia) – Sandra Moreira, do departamento da pastoral do turismo da Diocese do Algarve, disse que as preocupações com esta área devem ser entendidas a partir da “ecologia integral do ser humano”.
“No Algarve trabalham muitas pessoas no turismo, é a fonte de rendimento da maior parte da população e as pessoas devem ter dignidade no seu trabalho e no seu viver; são cidadãos a prestar um serviço. Faz parte da sustentabilidade respeitar o outro e é uma preocupação também nossa”, explica à Agência ECCLESIA Sandra Moreira que integra este organismo desde a sua criação, em 2012.
A par de muitos turistas de diferentes nacionalidades – britânicos, americanos, irlandeses, canadianos – a região do Algarve tem registado um aumento da comunidade imigrante – “Paquistão, da Índia, do Sri Lanka, da Ucrânia”, trazendo consigo “práticas religiosas” e a vontade de participar nas celebrações.
Sandra Moreira alerta para a importância de “sensibilizar” as comunidades paroquiais para o “envolvimento” de pessoas de outras nacionalidades, “no trabalho pastoral da paróquia, no seu quotidiano”.
“Não podemos esquecer que Portugal é um país que acolhe turistas, e que tem no seu rendimento e no Produto Interno Bruto o turismo como uma das fontes de maior riqueza e portanto era determinante que, mais tarde ou mais cedo, a Igreja tivesse uma presença também neste setor”, reconhece.
A Pastoral do Turismo indica a necessidade de acolher as pessoas e fazer do seu tempo de descanso um período de “continuidade da sua fé”, disponibilizando informações para a participação nas celebrações litúrgicas, em diversas línguas, para a celebração de sacramentos mas também possibilitar a “contemplação da natureza”.
Sandra Moreira assume o desafio permanente de acolher, atualizar e informar adequadamente, procurado ampliar a oferta e as parcerias.
“Os primeiros anos foram bastante complicados e duros porque havia uma falta de consciência interna, nomeadamente nas várias paróquias, de que os horários tinham que ser disponibilizados e os idiomas da celebração. Foi um tempo de sensibilização, de crescimento, de comunicação, que ainda hoje falha, apesar do trabalho realizado e de alterações significativas”, admite.
A realidade da diocese do Algarve regista também a procura do território para a celebração de casamentos, sendo uma das tarefas que ocupa a pastoral do turismo da região.
“O processo de transferência do casamento, a preparação da celebração, a preparação dos noivos, a sensibilização também dos sacerdotes para a necessidade de acolher estes casamentos, a comunicação preparação com as empresas que organizam os casamentos uma vez que importa explicar alguns aspetos que a celebração do sacramento católico impõe. Nesse sentido, realizamos uma ação de formação, com o responsável diocesano da liturgia, para explicar todos os passos da celebração do matrimónio aos ‘wedding planners’”, conta Sandra Moreira.
A responsável valoriza o trabalho em rede com “todas as entidades que trabalham no setor, nomeadamente a Região de Turismo do Algarve”, com “unidades hoteleiras” e, dentro da Igreja católica, com o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja católica e com o Secretariado diocesano da Pastoral da Cultura.
O bem acolher destina-se a todos os turistas, frisa Sandra Moreira, tenham ou não uma “identidade cristã”, sendo necessário por isso cuidar do património e deixar que o “silêncio e a arte que se encontra nas igrejas seja ponte para a espiritualidade”.
O turismo é cada vez menos sazonal e, do interior ao litoral da região algarvia se podem encontrar motivos de deslocação e lazer, apresenta a responsável.
“Felizmente o Algarve tem uma riqueza tal em gastronomia, em paisagem, em produtos religiosos, que se encontram deste o litoral à serra algarvia. As celebrações na Páscoa, a festa das tochas floridas que acontecem em São Brás da Alportel, na Serra Algarvia, no verão várias paróquias celebram a festa de Nossa Senhora dos Navegantes – Armação de Pera, por exemplo, onde decorre uma procissão marítima”, exemplifica.
O programa Ecclesia, emitido ao sábado na Antena 1, vai percorrer algumas dioceses e abordar a presença da Igreja, através da pastoral do turismo, que procura sinergias que cuidem do património e sejam também um caminho onde a fé se conhece.
A conversa com Sandra Moreira vai estar no centro do programa emitido este sábado pelas 06h00.
LS