Algarve: Assembleia Diocesana exige medidas de mudança

Entre outros sinais preocupantes, constata-se que a Igreja faz pouco para se integrar na sociedade

D. Manuel Quintas pretende uma Igreja mais inserida na comunidade e que vá ao encontro daqueles que estão de fora. Uma mensagem veiculada durante a Assembleia Diocesana do Algarve, em Loulé, e que serviu para a apresentação do programa para o ano 2010-2011.

O bispo do Algarve lembrou que “a exigência da comunhão está ligada à capacidade da comunidade cristã dar espaço a todos os dons do Espírito”.

A autocrítica deixada pelo prelado encontrou eco nas reflexões que foram propostas pela ordem de trabalhos da Assembleia, que contou com a participação de cerca de 450 pessoas.

O encontro do dia 5 de Outubro ficou marcado pelo debate sobre a pastoral da Igreja em Portugal e concretamente no Algarve.

Os participantes, divididos em grupos, abordaram quatro temáticas da vida da igreja: o acolhimento, a coerência entre fé e vida, a formação e espiritualidade e a reorganização pastoral.

A partir da troca de ideias, permitiu-se concluir que, de facto a Igreja “faz pouco para se integrar na sociedade”.

Neste sentido, sublinhou-se a necessidade de valorizar o acolhimento e a atenção prestada a cada pessoa, sobretudo os mais pobres, como resposta à “grande sede de Deus que muita gente manifesta”.

“Ao não encontrar em nós sinais de Deus, procuram noutras realidades e experiências religiosas”, lamentou-se, apelando a uma Igreja que seja “casa de família, que acolhe, compreende e partilha as dificuldades e tristezas dos homens, que cultiva as relações interpessoais” e que cria “espaços para a escuta”.

Apelou-se ainda à “coerência entre palavra e a acção”, ao nível pessoal e de organização pastoral, alertando para o “descrédito preocupante” que a ausência desta dimensão traz para a Igreja.

A falta de “presbíteros simples, humildes e próximos” e de testemunho das famílias como “primeiras educadoras da fé”, a escassez de agentes para a pastoral e a insistência da Igreja no “ritualismo litúrgico”, esquecendo-se de “aprofundar os fundamentos da fé”, foram outros problemas apontados.

Neste sentido, o bispo do Algarve aponta como caminho a evangelização, “que é o fundamento de tudo e que deve ter a primazia” e apelou à intensificação da adoração eucarística como resposta ao apelo de surgimento de vocações consagradas.

Sustentou ainda a “promoção de uma pastoral apoiada em comunidades ministeriais”, pessoas concretas, para não se continuar “a formular respostas para perguntas que ninguém faz”.

A formação é uma das atribuições da Igreja que parece estar esquecida, segundo D. Manuel Quintas.

“Parece que continuamos a não formar verdadeiros cristãos, discípulos de Cristo, porque não há persistência, fidelidade e interiorização da mensagem”, constatou.

As sugestões apresentadas pelos diversos grupos de trabalho irão ser analisadas pela Comissão Permanente do Conselho Diocesano de Pastoral (13 de Outubro), pelo Conselho Diocesano Pastoral (20 de Novembro) e pelo Conselho Presbiteral (29 de Novembro) e depois enviadas à comissão nacional que irá acolher as propostas de todas as dioceses.

O objectivo final, de acordo com o bispo do Algarve, é “chegar a conclusões que podem inspirar os programas das dioceses de Portugal”, respondendo aos apelos de todos os cristãos.

Redacção/Samuel Mendonça

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