Algarve: aproveitar cerimónias fúnebres para evangelizar

Diocese quer que os leigos ajudem a humanizar as celebrações

A Igreja do Algarve classificou a celebração das exéquias como um momento “privilegiado” para evangelizar, porque os seus participantes estão “mais receptivos” por quererem apoiar a família enlutada.

Na acção de formação para leigos (entenda-se não clérigos), propostos pelas paróquias algarvias para presidirem às celebrações fúnebres, na ausência de um ministro ordenado (bispo, padre ou diácono), realizada no Centro Pastoral e Social de Ferragudo, reconheceu-se também que a Igreja por vezes desvaloriza a celebração das exéquias.

Por outro lado o padre Dinis Faísca, licenciado em Psicologia, evidenciou que o “objectivo do ministro das exéquias não deve ser nunca explicar a morte, porque a morte não se explica”. “Não é possível entender o mistério” e por isso o ministro “não deve ter a pretensão de iluminar morte à luz da fé”, até porque “a fé não dá sentido à morte, mas à vida”.

O orador identificou as características das crises emocionais, que duram entre 6 meses e 2 anos, nas quais procuram-se sempre respostas, e alertou que se estas durarem mais de mais de 2 anos “já é considerada patológica e deve ser tratada por um especialista”.

O padre Dinis Faísca enumerou e caracterizou ainda as fases que compõem o período de luto, que passam pelo choque, busca, desespero – a “pior etapa do luto”, onde “existe o risco de suicídio se a pessoa não for apoiada” –, início do desprendimento – que “em caso de fracasso conduz ao luto patológico” e relançamento da vinculação afectiva.

O formador caracterizou igualmente os aspectos que podem fazer com que um luto se torne patológico, destacando que, “se existir apoio social é mais fácil ultrapassar o luto e a perda”.

Defendendo que a necessidade de “alertar para a fragilidade da vida” e para a “incongruência do comportamento” para “ajudar as pessoas a centrar a sua vida no essencial”, considerou que “se tivéssemos sempre consciência das nossas fragilidades seríamos muito mais felizes”.

Samuel Mendonça

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