Alemanha: Papa questiona egoísmo da «vida moderna»

Bento XVI visita santuário católico na antiga RDA e recorda resistência ao comunismo e ao regime nazi

Etzelsbach, Alemanha, 23 set 2011 (Ecclesia) – Bento XVI criticou hoje o que denominou como “forma de refinado egoísmo” nas sociedades atuais, apelando a uma “a atitude do dom”.

“Não é a autorrealização que opera o verdadeiro desenvolvimento da pessoa – um dado que hoje é proposto como modelo da vida moderna, mas que pode facilmente mudar-se numa forma de refinado egoísmo –, mas sim a atitude do dom de si”, disse, na celebração de vésperas que decorreu na ‘Wallfahrtskapelle’ de Etzelsbach, um local católico de peregrinação dedicado à Virgem Maria, na antiga Alemanha de Leste.

Bento XVI chegou ao local em automóvel, após um voo de 45 minutos em helicóptero, desde Erfurt, capital da Turíngia, região oriental situada cerca de 230 quilómetros a sul de Berlim, até à localidade de Eichsfeld.

Na sua homilia, o Papa alemão destacou a resistência católica a “duas ímpias ditaduras que se propuseram tirar aos homens a sua fé tradicional”, numa alusão ao regimes nazi e ao comunismo que se lhe seguiu na República Democrática da Alemanha.

“A gente de Eichsfeld estava segura de encontrar aqui, no santuário de Etzelsbach, uma porta aberta e um lugar de paz interior”, recordou, diante de cerca de 90 mil pessoas (dados avançados pela Rádio Vaticano).

Bento XVI deixou um discurso particularmente dirigido para o mundo católico, sublinhando a devoção à Virgem Maria, “uma mãe que experimentou o maior sofrimento de todos”.

“No decorrer dos séculos, quantas pessoas foram em peregrinação a Maria, para encontrar – como aqui em Etzelsbach, diante da imagem de Nossa Senhora das Dores – consolação e conforto”, indicou.

O santuário mariano de Etzelsbach, numa zona rural, alberga desde o século XVI uma imagem da Virgem venerada como miraculosa.

“A nossa confiança na eficaz intercessão da Mãe de Deus e a nossa gratidão pela ajuda incessantemente experimentada encerram em si mesmas, de algum modo, o impulso para levar a reflexão mais além das necessidades de momento”, apontou Bento XVI.

O Papa dedicou parte da sua homilia à imagem que representa Maria com o corpo morto de Jesus nos braços, após a crucificação (conhecida como ‘Pietá’).

“Uma particularidade da imagem miraculosa de Etzelsbach é a posição do Crucificado”, observou, que neste caso não está “com a cabeça virada para a esquerda”, mas esconde a ferida no lado com que habitualmente é representado Jesus, “porque o cadáver está virado para o outro lado”.

“Parece-me que, em tal representação, se esconde um profundo significado, que só se desvenda numa atenta contemplação: na imagem miraculosa de Etzelsbach, os corações de Jesus e da sua Mãe estão voltados um para o outro; estão junto um do outro”, indicou Bento XVI.

Citando o tema desta viagem à Alemanha – terceira do pontificado e primeira com estatuto de visita de Estado -, «Onde há Deus, há futuro», o Papa disse que é “possível plasmar o presente de forma tal que corresponda sempre mais à Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

No final da celebração, Bento XVI ficou uns momentos em oração, junto da imagem da Virgem, regressando depois para Erfurt.

O sábado, terceiro dia da visita, vai iniciar-se com a missa no Domplatz de Erfurt, às 09h00 locais (menos uma em Lisboa), partindo o Papa para Friburgo, onde visita a catedral católica pelas 14h00 e saúda os cidadãos, na Münsterplaz.

Às 19h00, na Feira de Friburgo, o Papa preside a uma vigília de oração com os jovens.

OC

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