Alemanha: Bento XVI quer católicos do lado da Igreja

Papa critica «ideias superficiais e erróneas» de algumas correntes

Berlim, 22 set 2011 (Ecclesia) – Bento XVI convidou hoje os católicos alemães a manifestarem a sua pertença à Igreja, ainda que se confrontem com a “experiência dolorosa de que há peixes bons e maus, trigo e joio”.

“Se o olhar se fixa nas realidades negativas, então nunca mais se desvenda o grande e profundo mistério da Igreja”, disse o Papa, de 84 anos, na homilia da missa a que preside no estádio olímpico de Berlim, diante de dezenas de milhares de pessoas que lotaram o espaço”.

A intervenção deixou críticas aos que manifestam “insatisfação e descontentamento, se não virem realizadas as próprias ideias superficiais e erróneas de «Igreja» e os próprios «sonhos de Igreja»”.

Cinco anos depois da sua última passagem por solo germânico, o Papa quis deixar esta mensagem a uma Igreja afetada pelos casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero e pela divisão dentro do próprio catolicismo em matérias como o celibato dos padres ou a moral sexual.

“Deus sabe transformar em amor mesmos as coisas pesadas e acabrunhadoras da nossa vida. Importante é «permanecermos» na videira, em Cristo”, precisou.

Segundo o Vaticano, dos 81,7 milhões de habitantes da Alemanha 24,6 milhões são católicos, o que corresponde a 30% do total da população

“Alguns olham para Igreja, detendo-se no seu aspeto exterior: Então, ela aparece-lhes apenas como uma das muitas organizações presentes numa sociedade democrática e, segundo as normas e leis desta, devem depois avaliar e tratar inclusive uma figura tão difícil de compreender como é a «Igreja»”, observou Bento XVI.

Os presentes saudaram com uma salva de palmas a chegada do papamóvel ao estádio, onde o Papa foi recebido pelo arcebispo de Berlim, D. Rainer Maria Woelki, e o presidente do município local, Klaus Wowereit.

“Às vezes sentimo-nos como que sob uma prensa, à semelhança dos cachos de uva que são completamente esmagados. Mas sabemos que, unidos a Cristo, nos tornamos vinho generoso”, disse Bento XVI na sua intervenção.

O Papa falou num “tempo de inquietação e indiferença, em que tanta gente perde a orientação e o apoio, em que a fidelidade do amor no matrimónio e na amizade se tornou tão frágil e de breve duração”.

A Igreja Católica, acrescentou, “existe para os pecadores, a fim de lhes abrir o caminho da conversão, da cura e da vida”.

“Não estamos sozinhos quando somos oprimidos por causa da nossa fé. Jesus está connosco”, declarou.

Em conclusão, Bento XVI disse que “permanecer em Cristo” significa “permanecer na Igreja”.

“Nesta comunidade, Ele sustenta-nos e, ao mesmo tempo, todos os membros se sustentam uns aos outros. Juntos resistem às tempestades e oferecem proteção uns aos outros. Não cremos sozinhos, mas cremos com toda a Igreja”, frisou.

Depois da homilia, os participantes foram convidados a rezar pelos “cristãos mortos por causa da sua fé, sob a ditadura do século XX”, numa alusão ao regime comunista da República Democrática da Alemanha, surgida após a II Guerra Mundial.

A missa foi o momento final do primeiro dia da primeira visita de Estado do Papa, que já tinha estado na sua terra natal em 2005 (Jornada Mundial da Juventude, em Colónia) e 2006 (visita à Baviera, região onde nasceu).

A terceira viagem à Alemanha, 21ª ao estrangeiro (16ª na Europa), prolonga-se até domingo e conta com passagens por Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo, tendo como lema ‘Onde há Deus, há futuro’.

OC

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