Alegria na vida e no Vaticano

Guzmán Carriquiry é o «decano» dos leigos na Cúria Romana e assegura que, para si, o Cristianismo sempre foi um «mais de felicidade»

Guzmán Carriquiry Lecour, Subsecretário do Pontifício Conselho para os Leigos, fala em entrevista da vivência da alegria no Cristianismo, particularmente relevante no tempo pascal. O “decano” dos leigos do Vaticano conhece de perto como se manifesta essa alegria em várias comunidades e movimentos, um pouco por todo o mundo, e fala dela na sua própria vida, após 38 anos na Cúria Romana.

Agência ECCLESIA (AE) – Como é que chegou ao Vaticano?

Guzmán Carriquiry Lecour (GCL) – Bem, eu sou uruguaio e por um desses mistérios da providência de Deus, que se ocupa também dos pequenos, acabei por trabalhar na Cúria Romana aos 26 anos. Vim a Roma por um ano, à experiência, e faz já 38 anos que estou na Santa Sé, agora como Subsecretário do Pontifício Conselho para os Leigos. Fui o primeiro leigo a ser chefe de departamento, com nomeação de Paulo VI, e também o primeiro subsecretário, por João Paulo II.

AE – Como se sente ao trabalhar há tantos anos na Santa Sé?

GCL – Vivo essa realidade como um dom, mesmo depois de 38 anos. Como um dom desproporcionado, desmesurado. Venho do país mais secularizado da América Latina e o que poderia pensar um jovem de 26 anos, acabado de formar, recém-casado e com um filho acabado de nascer, quando se encontra com o seu Arcebispo e dois Monsenhores que lhe dizem «Vem fazer uma breve experiência de trabalho na Santa Sé»? É uma coisa inimaginável, mas continuo com gratidão no coração por ser um pequeno servidor do sucessor de Pedro na Cúria Romana.

Lembro-me sempre que, quando cheguei, um velho Monsenhor me dizia duas coisas fundamentais – “Uma era: «aqui tens de fazer uma opção fundamental, ou serves o Papa ou te serves a ti próprio». Outra foi: «neste ambiente da Cúria, o fundamental é o que dizia um texto dos primeiros tempos apostólicos, olhar o rosto dos Santos e aprender com o seu testemunho».

É uma experiência totalmente apaixonante, muito mais do que um trabalho, porque implica a vida toda nessa missão, nesse serviço.

AE – Transformou o seu trabalho numa vocação?

GCL – Posso dizer que tomou conta da minha vida, da minha mulher, dos meus filhos e deu-nos uma grande alegria, marcou o nosso itinerário matrimonial e familiar. Por outro lado, a família e o casamento salvam, de certa forma, do abraço eclesiástico sufocante, por vezes. São o alimento e o apoio para todo o trabalho que faço e uma interpelação, muito crítica.

AE – É um homem feliz?

GCL – Felicíssimo. Realmente, o Cristianismo é um caminho de felicidade, é o caminho da felicidade. Cristo é a resposta ao desejo e à exigência de felicidade que temos no nosso coração, revela-a. O Cristianismo é sempre um “mais”, nunca um “menos” e é um “mais de felicidade”.

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Agência ECCLESIA

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