Cáritas de Aveiro deu a conhecer o seu trabalho ao Presidente da República No encerramento da segunda etapa do Roteiro para a Inclusão, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ficou a conhecer a realidade social da zona de Aveiro. Hoje (13 de Julho), no Auditório da Câmara Municipal de Aveiro, a Cáritas desta diocese foi uma das intervenientes (juntamente com o Centro Social e Paroquial da Vera Cruz e o Lar do Divino Salvador) e deu a conhecer as suas valências sociais. Depois de relatar os quatro grandes momentos da caridade «organizada» da Cáritas de Aveiro, o diácono José Alves, presidente deste organismo, focalizou o seu discurso nas crianças em risco e a violência doméstica: “Criação do gabinete de apoio e acompanhamento ás vítimas de violência doméstica – baptizada como «Espaço Mulher» -; Centro de Acolhimento de Emergência Infantil de Aveiro e a participação na Comissão Permanente de Crianças e Jovens”. A celebrar 30 anos de vida, a Cáritas de Aveiro tem lutado “constantemente em prol dos mais desfavorecidos” – disse à Agência ECCLESIA o diácono José Alves. Em Outubro de 1983 foi reconhecida como IPSS. Em relação ao «Espaço Mulher» – inaugurado este ano – o presidente deste organismo salientou que este é “um gabinete de apoio às vítimas de violência doméstica”. Ao olhar para esta realidade, José Alves lamenta que a violência nesta zona é “mais do que aquela que seria desejável”. E acrescenta: “infelizmente é uma zona com bastantes situações”. As explicações para estes factos passam pela “área populosa” e “muito industrializada”. A crise actual desembocou em situações de desemprego e “muitas vezes marginalizantes”. E exemplifica: “uma das grandes causas da violência doméstica passa pelo alcoolismo”. Neste tipo de violência há picos. A altura do Verão – “mais propícia ao consumo do álcool” – devido ao calor e às festas já reparámos que “esta aumenta”. Há uns anos atrás, os Bispos do Centro escreveram um documento sobre o alcoolismo nesta região. “Este não está a aumentar mas os que consomem estão a beber mais” – disse José Alves. Com o excesso de álcool, as crianças sofrem e nalgumas situações “são retiradas às famílias”. Ao darem conhecimento ao Presidente da República desta realidade “suponho que ele percebeu – e ficou sensibilizado – para a importância destas estruturas da Igreja no apoio social” – relatou o presidente da Cáritas de Aveiro. Esta etapa deu a conhecer parte do país real e alertou “muita gente do que se passa à nossa porta”. E conclui: “abriu os olhos a muita gente tanto da região como do país”. O Presidente da República apelou aos portugueses para que “tratem bem” as crianças e para que não silenciem, “como aconteceu no passado”, situações de agressão doméstica. “Homenageámos ontem [quarta-feira, em Marco de Canaveses] a memória das vítimas de violência doméstica, mas isso não nos pode conduzir ao silêncio”, disse em Aveiro o Presidente da República, ao fazer um balanço da jornada de dois dias que dedicou às vítimas de violência doméstica. Estas situações – acrescentou – “podem-nos envergonhar, mas compete-nos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, em primeiro lugar para prevenir, mas também para denunciar e dar a melhor resposta a casos concretos”. Neste discurso, Aníbal Cavaco Silva elogiou o trabalho social da Igreja Católica que, conforme assinalou, “teve durante muito tempo a presença quase exclusiva nestes domínios”.