Albânia: Papa presta nova homenagem a «povo de mártires»

Francisco emocionou-se com testemunho de religiosos perseguidos durante regime comunista

Tirana, 21 set 2014 (Ecclesia) – O Papa voltou hoje a elogiar a história dos cristãos na Albânia e a sua coragem durante a perseguição religiosa do último século, que confessou ter estudado antes da viagem ao país.

“Para mim foi uma surpresa, não sabia que o vosso povo tinha sofrido tanto”, declarou, durante a recitação da oração de vésperas, com sacerdotes, religiosas, seminaristas e leigos na Catedral de São Paulo, em Tirana.

No penúltimo compromisso público da viagem de 11 horas em solo albanês, Francisco fez uma intervenção espontânea na qual recordou as fotografias dos mártires que foram colocadas ao longo do percurso feito pelo papamóvel, que considerou um sinal de “memória” de um “povo de mártires”.

O Papa ouviu o testemunho dos tempos de perseguição religiosa por parte do regime comunista no século XX – quando os mártires morriam gritando ‘Viva o Papa’ -, da boca de um sacerdote e de uma religiosa, já idosos.

Francisco ficou visivelmente comovido com os testemunhos deste tempo das “catacumbas” em que a comunidade cristã enfrentou o ateísmo de Estado inscrito na constituição e chorou mesmo ao cumprimentar o padre Ernest, que esteve preso durante 18 anos, 10 dos quais de trabalhos forçados.

“Aquilo que posso dizer-vos é aquilo que eles disseram com a sua vida”, assinalou.

O Papa falou sobre a “consolação” recebida de Deus nos momentos de dificuldade, através de toda a comunidade cristã.

“Sabeis bem que se procurardes consolação noutro lado, não sereis felizes”, advertiu.

Francisco entregou o discurso escrito que tinha preparado, no qual assinalava que depois dos totalitarismos do século XX, o mundo e a Igreja enfrentam hoje outras “ditaduras” como o individualismo, as rivalidades e “conflitos exacerbados”, frutos de uma “mentalidade mundana” que pode contagiar os cristãos.

“Conheço e aprecio o empenho com que vos opondes a novas formas de «ditadura» que acabam por manter escravas as pessoas e as comunidades. Se o regime ateu procurava sufocar a fé, estas ditaduras, mais subtis, podem sufocar a caridade”, pode ler-se.

O texto recorda aqueles que, durante o regime comunista, pagaram o “caro preço” da sua “fidelidade a Cristo” e da “decisão de permanecer unidos ao sucessor de Pedro”.

A intervenção evoca também o contributo dos missionários que contribuíram para o renascimento da Igreja na Albânia, em particular no campo da educação cristã.

OC

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Agência ECCLESIA

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