A Ajuda de Berço, instituição particular de solidariedade social que se dedica ao acolhimento de bebés em risco, inaugurou hoje em Lisboa a sua segunda casa, com capacidade para 20 crianças. A angústia de querer fazer mais e não ter espaço fica assim bastante atenuada, como reconhece a presidente desta associação, Sandra Anastácio, à Agência ECCLESIA: “este momento tem para nós um significado muito grande, porque temos sempre uma lista de espera de 80 a 100 crianças por ano”. A responsável da associação disse que a nova casa vai permitir acolher mais vinte bebés logo a partir da sua inauguração , que se vêm juntar aos outros vinte que já estão à guarda da Ajuda Berço na sua sede da Quinta da Cabrinha (Av. de Ceuta). “Somos contra a ideia de que as crianças estejam ao monte, queremos que tenham boas condições antes de partir para o seu projecto seguro, que é o voltar à família”, refere. As novas instalações surgem graças à iniciativa da Swatch, que propôs à Ajuda de Berço lançar, com o apoio da RTP e da Câmara Municipal de Lisboa, a campanha “Swatch Fraldinhas” que contou ainda com o apoio do Luis Represas, autor do hino “ Quero uma casa deste tamanho” e da Primeira Dama Maria José Ritta. Conseguiu-se em apenas 7 meses vender 90 mil relógios, e os donativos da Engiarte, da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, permitiram reunir cerca de 625 mil Euros, para reconstruir um conjunto de 18 casinhas agrícolas em Monsanto e adaptá-las às necessidades da Ajuda de Berço. A Ajuda de Berço, fundada em 1998, acolhe crianças dos 0 aos 3 anos, necessitadas de protecção urgente, face a situações que as coloquem em risco, tais como maus tratos, abusos sexuais, pais alcoólicos ou toxicodependentes, prostituição, falta de lar ou abandono. A campanha “fraldinhas” deu uma maior visibilidade a este projecto, bem como uma maior responsabilidade aos seus responsáveis. Sandra Anastácio reconhece que “as pessoas agora esperam que continuemos a fazer mais e melhor”. “Somos uma associação que nasceu tendo como padroeira a Madre Teresa de Calcutá e ela dizia que aquilo que se perde é o que não se dá: é isso que tem acontecido na Ajuda de Berço. Como tenho muita fé, acredito que a mão de Madre Teresa nos ajuda para que o milagre aconteça”, acrescenta. Com 33% das despesas cobertas pela Segurança Social, a instituição vive de donativos e conta com 40 funcionários, quase todos a tempo inteiro, em cada uma das casas. Para lá dos trabalhadores remunerados, a Ajuda de Berço goza do contributo de 60 voluntários. A nova casa da Travessa Francisco Resende, além das instalações dedicadas aos bebés, possui um conjunto de serviços anexos, incluindo cozinha, escritório e arrecadações e ainda de um amplo jardim nas traseiras. O acolhimento das crianças é feito depois de analisado cada caso pela Direcção e Equipa Técnica e dado parecer positivo. Para além do acolhimento das crianças, os técnicos da Ajuda de Berço intervêm na dinâmica familiar de cada criança, de forma a ajudar as famílias, quando possível, a encontrar soluções para receber a criança. Assim, é dado apoio aos pais para encontrarem alternativas, nomeadamente encaminhando-as para os diversos departamentos ou serviços disponíveis na comunidade.