Grupos armados jihadistas mantiveram Mathieu e a mulher, que estava grávida, durante quatro meses em cativeiro

Lisboa, 24 out 2025 (Ecclesia) – O secretariado espanhol da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) atribui hoje, em Madrid, o “Prémio Liberdade Religiosa” ao catequista Mathieu Sawadogo, que foi raptado, juntamente com a mulher, em 2018, por grupos armados jihadistas no Burquina Fasso.
A cerimónia da 9º edição desta iniciativa realiza-se na Fundação Paulo XI e integra a sessão de lançamento do Relatório da AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, que foi lançado em Portugal esta terça-feira.
“A história de Mathieu é exemplo do clima de enorme violência e ameaça aos cristãos neste país que está no centro da propagação do jihadismo no continente africano”, assinala o secretariado português.
A organização pontifícia dá conta que “após um período de formação de quatro anos, a Igreja enviou o catequista” e a “sua mulher, Pauline, para Baasmere, na Diocese de Dori, no norte do país”, tendo lá desenvolvido o ministério e ficado à frente de uma comunidade de aproximadamente 200 pessoas.
Em 2018, os jihadistas surgiram na aldeia pela primeira vez e ameaçaram Mathieu Sawadogo, referindo que “algo de mau” poderia acontecer se persistisse com a sua missão religiosa, no entanto o catequista não desistiu.
O cristão contou à FAIS que “não podia deixar de anunciar a Palavra de Deus” e era por isso que estava ali, todavia as ameaças concretizaram-se e, a 20 de maio de 2018, um grupo de homens armados apareceu em sua casa.
“Mathieu e Pauline foram amarrados, vendados e levados para um local desconhecido. O facto de Pauline estar grávida de cinco meses, não mereceu qualquer tipo de consideração. Foi tratada com a aspereza que os terroristas usam normalmente para com todas as suas vítimas”, relata a fundação pontifícia.
O casal esteve durante quatro meses em cativeiro, período durante o qual foi forçado a usar vestuário típico dos muçulmanos e os sequestradores tentaram que ambos se convertessem ao Islão.
Tal não conseguiram, conta a FAIS, que acrescenta que todos os dias Mathieu rezava o terço: “Chegou a rezar 700 Ave-Marias num único dia….”.
Mathieu e a mulher acabaram por ser soltos ao fim de quatro meses, ao percebem que não iriam abandonar o Cristianismo, abandonando-os num lugar ermo; Graças a um agricultor que passava por ali, foram levados ao hospital mais próximo, preocupados com o estado de saúde de Pauline.
A fundação pontifícia relata que “a consulta médica confirmou o que já temiam: a criança tinha morrido durante o sequestro”.
“Mathieu e a mulher, que sofreram na pele a violência jihadista, representam todos os catequistas que, todos os dias e de forma totalmente abnegada, arriscam a própria vida no Burquina Fasso e em tantos países do mundo, onde muitas vezes são o único sinal da presença da Igreja nos lugares onde não há sacerdotes”, pode ler-se.
De acordo com a FAIS, o prémio é” um sinal de reconhecimento por esse trabalho e pela coragem que é necessária para os Cristãos que vivem no Burquina Fasso, onde os grupos armados jihadistas representam uma ameaça cada vez mais significativa”.
Estima-se que cerca de 40% do país já esteja de alguma forma controlado pelos grupos armados extremistas.
LJ/OC
