AIS mobiliza-se em favor da população queniana

Secção portuguesa da organização católica internacional promove campanhas de recolha de fundos A secção portuguesa da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) acompanha de perto o drama da população queniana, estando a promover algumas campanhas de recolha de fundos para apoiar a Diocese de Eldoret. A AIS tem, nesta localidade do Quénia, projectos de apoio a seminaristas e aos missionários que trabalham com os refugiados. O Quénia atravessa uma grave crise no seguimento das eleições presidenciais do passado 27 de Dezembro, em que foi reeleito o presidente Mwai Kibaki, e que os partidários do candidato derrotado, Raila Odinga, contestam. Num mês, cerca de 1000 pessoas morreram devido a confrontos entre os seguidores dos dois políticos, que também provocaram 250 mil deslocados. Os confrontos opõem quenianos de etnia kalenjin e kikuyu. A violência é particularmente sentida no Vale do Rift, onde já se fala em “limpeza étnica” destinada aos kikuyu. No contexto da sua missão de auxílio às populações em dificuldade, a Fundação AIS convida a rezar pelos cristãos do Quénia, lembrando que “não há nada mais responsável do que a oração”. Parem a loucura! Em declarações ao secretariado inglês da AIS, a Ir. Placida McCann apelou ao fim da “loucura”. A religiosa franciscana lembrou, em particular, a morte do Padre Michael Kamau Ithondeka, apedrejado até à morte no passado sábado. A AIS já enviou um pacote de ajuda de emergência para apoiar os projectos da religiosa junto das pessoas apanhadas por esta onda de violência. Pelo menos 1500 famílias procuraram refúgio na igreja local e no convento, após a destruição das suas casas. A esta ajuda há que acrescentar outra enviada à Diocese de Eldoret (Oeste do Quénia), no início de Janeiro. Carvão, vegetais, vestuário e abrigos temporários serão entregues às populações. Nos primeiros dias de 2008, o Bispo de Eldoret D. Cornelius Kipng’eno Arap Korir, pediu ajuda para enterrar dezenas de mortos na sua diocese, após a onda de violência que se desencadeou no país. Em declarações à AIS, o prelado explicou que os habitantes têm medo de ocupar-se dos mortos, porque correm perigo ao ir para as suas casas. Este responsável acrescenta que, entretanto, a ajuda material ministrada por várias organizações começa a chegar, mas que muitas pessoas estão fortemente traumatizadas, razão pela qual, além de alimentos, medicamentos e alojamentos provisórios, também precisam do apoio de assistentes sociais e psicólogos. Também neste ponto, o bispo pediu ajuda à AIS, porque entende que a Igreja não pode abandonar as pessoas aos seus medos e traumas psíquicos. Na Terça-feira, Mwai Kibaki e o seu rival Raila Odinga iniciaram conversações, na presença do mediador Kofi Annan. Os bispos encorajaram Annan a seguir o caminho agora iniciado e convidaram as partes a “dar espaço ao diálogo”. Crianças A Irin África, departamento das Nações Unidas para a coordenação dos assuntos humanitários, denunciou a dificuldade crescente em garantir a protecção das crianças nos campos de refugiados montados no interior do Quénia. Segundo a Unicef, os confrontos em curso já levaram à fuga de mais de 100 mil crianças, das quais 75% vive em campos internos. Nakuru, no Vale de Rift, é um dos locais onde há maior dificuldade em garantir a segurança dos deslocados, dado ser uma das regiões mais atingidas pela violência. O coordenador do campo de Nakuru revela que há ali 5900 deslocados, sendo quase metade crianças. Muitos menores chegam sozinhos, depois de terem fugido das suas casas. As pessoas encarregadas de garantir a segurança no local pertencem a comunidades étnicas não kikuyu, pelo que a maioria dos membros desta etnia não confia neles e acaba por ser mesmo hostil. Sacerdote assassinado Entre as vítimas da violência está, como já se referiu, o Padre Michael Kamau Ithondeka, vítima das tensões tribais que estão na base da tragédia que assola o país. O sacerdote, de 41 anos, seguia no seu veículo com outras duas pessoas, que se encontram em coma, rumo a Nakuru, principal localidade do Vale de Rift, epicentro dos confrontos. Ali foi atacado por um grupo de jovens de etnia kikuyu, que o apedrejou até à morte. O Padre Ithondeka era vice-reitor do Seminário Maior ‘Mathias Mulumba’, em Tindinyo. O Bispo de Eldoret visitou os seminaristas para lhes deixar uma palavra de conforto. Em declarações à agência italiana SIR, o Bispo de Nakuru, D. Peter Kairo, pede que as populações digam «não» à vingança e procuram «a paz e a reconciliação». Este responsável confirma que muitos católicos da etnia kikuyu têm sido alvo de ameaças. «Como Igreja, estamos muito preocupados e assustados, a nossa missão é muito difícil porque não temos respostas», indicou. Grupos armados de jovens sem escrúpulos estão a semear o terror na população, atacando e matando pessoas inocentes. AIS A AIS é uma organização dependente da Santa Sé, tendo por objectivo apoiar projectos de cunho pastoral nos países onde a Igreja Católica está em dificuldades. A Organização tem secretariados nacionais em 17 países da Europa, na América e na Austrália, apoiando mais de 5000 projectos em cerca de 140 nações de todos os continentes. Em Portugal, a Fundação AIS começou a sua acção em Outubro de 1995.

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Agência ECCLESIA

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