AIS: Fundação pontifícia assinala dia dedicado «às vítimas de violência com base na Religião ou Crença»

Organização católica internacional dá voz às «vítimas de blasfémia no Paquistão»

Lisboa, 21 ago 2021 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá destaque “às vítimas de blasfémia no Paquistão”, onde as minorias religiosas sofrem “uma pressão tripla”, no contexto do Dia Internacional das Vítimas de Violência com base na Religião ou Crença.

Na informação enviada à Agência ECCLESIA, a AIS explica que no Paquistão as minorias religiosas “sofrem pressão” do Estado, dos grupos extremistas islâmicos e “um sentimento popular de supremacia étnico-religiosa”.

O diretor da Comissão Nacional de Justiça e Paz do Paquistão (CCJP) adianta que têm neste momento “12 casos de pessoas acusadas de blasfémia” – nove em Punjab e três em Sindh – “11 vítimas são cristãs e uma hindu”.

Segundo o padre Emmanuel Yousaf, que é parceiro de projetos da AIS, uma acusação falsa a uma pessoa “não se limita à vítima ou à família”, mas toda a localidade e vizinhança são afetadas, “até as casas e as igrejas são atacadas e queimadas”.

O sacerdote exemplifica que “toda” a aldeia cristã de Shanti Nagar, próxima da cidade de Khanewal, “foi atacada” por causa de uma pessoa acusada falsamente e “ sete pessoas foram queimadas vivas em Gojra”, enquanto na aldeia de Joseph Colony, nos arredores de Lahore, “uma turba furiosa atou fogo a mais de 150 casas”.

Segundo o responsável estão a assistir a um aumento de casos “nas áreas urbanas” contra setores da sociedade com mais formação, “como estudantes, enfermeiras, médicos”, e outros âmbitos profissionais, que é um motivo de preocupação porque “indica que a radicalização religiosa está a crescer”.

O Parlamento Europeu adotou uma resolução sobre as leis contra a blasfémia no Paquistão, em abril, que “é de grande importância” para os direitos das minorias religiosas, “especialmente para a comunidade cristã”.

“Os dados revelam que os casos de blasfémia afetam 52% das minorias religiosas e 14,5% dizem respeito aos cristãos. A comunidade cristã representa menos de 1,3% da população, por isso, em proporção, esse número é muito alto”, acrescentou o padre Emmanuel Yousaf.

A CCJP tem casos documentados desde 1987, e o seu diretor alerta para o “aumento alarmante de acusações de blasfémia” nos últimos anos, especialmente com o aumento de utilizadores de redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp.

“Gostaríamos de pedir à comunidade internacional que se envolva com o Governo e o pressione para salvaguardar e garantir a proteção das minorias religiosas; Pedimos que ajude o Paquistão a promover a tolerância através da educação e formação judicial e policial, e reformas para alcançar condições económicas estáveis”, desenvolveu.

Este domingo, 22 de agosto, assinala-se o terceiro ‘Dia Internacional das Vítimas de Violência baseada na Crença ou Religião’ e a fundação pontifícia salienta que a “a situação piorou nos últimos dois anos”, de acordo com o seu Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo.

A Ajuda à Igreja que Sofre está “muito preocupada” com as contínuas violações, atos de violência e assédio “por motivos religiosos em pelo menos 26 países em todo o mundo”.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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