Ainda há sinais

João Aguiar Campos, Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Ou em anos anteriores estive mais distraído ou, de facto, é mesmo assim: parece-me haver mais sinais do Natal de Jesus nas decorações das montras e ruas. Parece-me até que as pequenas bancas de artesanato oferecem também mais presépios – ainda que não faltem derivações diversas. Ao mesmo tempo, vejo anunciadas iniciativas, nomeadamente culturais, que remetem para a alegria e a celebração do verdadeiro sentido da festa.

Podem os mais pessimistas argumentar que é a força do comércio a manifestar-se e o desejo/necessidade de vendas a esgotar todas as hipóteses de negócio. Mas ainda que assim seja, não serei eu a rasgar vestidos escandalizados – preferindo a abertura de Paulo, capaz de ver uma oportunidade de anúncio num altar que parecia sublinhar a opção da idolatria. Sim, esta exteriorização a que assistimos pode e deve proporcionar buscas de sentido.

Acresce, entretanto, que é assinalável o conjunto de propostas eclesiais, que pretendem fazer deste tempo de Advento e Natal um momento de espera activa, acolhimento e conversão. Basta, por exemplo, considerar as oportunidades divulgadas e presentes online, nascidas no seio de dioceses, paróquias, movimentos e associações católicas; ou criadas pelos esforços individuais de quem se assume como missionário digital.

Este é o modo positivo de agir, que contrasta com a muito frequente lamúria que se limita a comentar a expropriação – “roubaram-nos o Natal” – mas pouco faz para lavar olhares, purificar conceitos e abrir corações. Sim, algo está a mudar. Até no estilo…

Neste âmbito (do estilo), foi por um feliz acaso que descobri, no sítio da Arquidiocese de Madrid, uma campanha intitulada “Conspiração”. O apelo é, aliás, muito directo: “Conspira”. A explicação não deixa dúvidas quanto ao sentido do desafio: trata-se de resgatar «pessoas que vivem estas datas [Advento e Natal] absorvidas por inúmeros jantares de grupo, prendas caras, impessoais e inúteis e uma pseudo felicidade imposta pelas lojas, esquecendo o que realmente se celebra. É, por isso, uma campanha de consciencialização social para recuperar o sentido profundo do Advento e do Natal e, com isso, descobrir o significado e importância das prendas nesta ocasião». O papel pedagógico é desempenhado por três personagens (Caritón, Salusar e Crisperán) que são nada mais nada menos que três pajens dos Reis Magos e nos convidam a olhar para o Oriente.

Reorientado e lavado o olhar, será possível ver, no menino do presépio, Deus que, na fragilidade, se faz um de nós e nos oferece o Seu amor; Deus que se humaniza para nos divinizar.

João Aguiar Campos

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Agência ECCLESIA

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