Paulo Rocha, Agência Ecclesia
Desculpem se vêm ao engano. É que não vou referir-me a acontecimentos do mundo do futebol, de todo! As ocorrências em torno de um nome são muitas, tantas que dificultam a aproximação à verdade dos factos. E ainda bem que assim é, pois distancia a sensatez do comum dos mortais do escândalo em causa (e apenas penso em euros).
Falar de Jesus tem de remeter sempre para Uma Pessoa, a que colocou esse nome na História, determinando itinerários pessoais, comunitários e civilizacionais. É essa Pessoa que se mostra nas cidades e aldeias no dia do Corpo de Deus, agora não numa quinta-feira, a que se segue ao Domingo da Santíssima Trindade, no ordenamento do calendário litúrgico, mas, pelo terceiro ano consecutivo, no domingo seguinte.
Infelizmente, o que sobra desta Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é um lamento: “Ai Jesus” que já não é feriado! Mas a quinta-feira de Corpo de Deus não terá deixado de ser feriado porque deixou primeiro de ser Dia de Corpo de Deus?
A marca pedagógica da liturgia revela-se de forma particular na manifestação pública que se vive na festa do Corpo de Deus. Adorar a presença de Cristo na Eucaristia acontece, neste dia, não apenas no contexto celebrativo ou em ambientes de interioridade, mas no reboliço de todas as cidades. E será nessa aproximação ao quotidiano das pessoas, crentes e não crentes, que a Eucaristia mostra a sua força transformadora, para quem nela participa e também para os que se interrogam diante da Pessoa que passa por calçadas ou sobre tapetes floridos.
Há dias que se perdem quando se esquecem as suas marcas identitárias, tanto de contornos espirituais e religiosos como sociais ou políticos. E é por vezes fora do habitat natural que se descobre essa necessidade, como o demonstra o mundo da emigração. A celebração do dia 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, é um bom exemplo dessa permanente ligação à identidade nacional, a que se juntam muitas festas religiosas, garantida pela primeira e seguintes gerações de emigrantes na diáspora. Neste, como noutros aspetos, quem fica tem de aprender com quem parte!
Mas voltemos ao princípio, porque alguma coisa vai mal no reino dos vivos quando só por manifestar vontade de trabalhar, seja como treinador, jogador ou como canalizador, se recebem milhões. Sobretudo quando muitos não recebem depois do trabalho feito e outros tantos nem sequer têm trabalho! Ai Jesus!
Paulo Rocha