A água é um bem precioso e imprescindível à vida na Terra. A escassez de água constitui um problema para a sobrevivência dos ecossistemas e espécies que povoam o nosso Planeta. A própria sociedade humana, sem água em quantidade e qualidade, não consegue garantir a qualidade de vida desejável para os seus cidadãos nem os níveis mínimos de saúde pública. O próprio desenvolvimento sustentável não é possível sem uma boa gestão dos recursos hídricos que garanta a sua disponibilidade e preservação da sua qualidade. A falta de chuva nos últimos meses trouxe à tona enormes fragilidades na gestão da água em Portugal. A ideia errada de que a água é um recurso abundante e barato tem levado a que seja utilizada de uma forma irresponsável. Como conse-quência, Portugal é um dos países Europeus com pior eficiência na utilização da água e com maiores níveis de desperdício. A situação que se vive, actualmente será cada vez mais frequente no futuro devido ao fenómeno das alterações climáticas que decorre da emissão excessiva de gases com efeito de estufa. O governo terá de implementar várias medidas para melhorar a gestão da água, em Portugal, nomeadamente a Lei-Quadro da Água, o Plano Nacional da Água, o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água e os Planos de Bacia Hidro-gráfica. O esforço de redução do desperdício de água nos diversos sectores, em particular na agricultura e abastecimento humano deve igualmente constituir uma prioridade das entidades públicas. No entanto, para além do papel das entidades públicas, o contributo de todos os cidadãos é imprescindível, principalmente no que diz respeito aos consumos domésticos. Nesse sentido interessa deixar aqui alguns conselhos práticos para que todos possam contribuir para um uso mais eficiente da água. Autoclismos: – Ajuste do autoclismo para o volume de descarga mínimo (quando aplicável); – Uso de descarga de menor volume, ou interrupção da descarga, para usos que não necessitem da descarga total; – Colocação de lixo em balde apropriado a esse fim, evitando deitar lixo na bacia de retrete e a descarga associada; – Redução do volume de armazena-mento colocando no interior do depósito uma ou várias garrafas cheias de água; – Não efectuar descargas desnecessárias do autoclismo; – Reutilização de água de outros usos para lavagem da bacia de retrete (em situações de escassez); – Aquisição ou substituição de auto-clismos mais eficientes. Chuveiros: – Utilização preferencial do duche em alternativa ao banho de imersão; – Utilização de duches curtos, com um período de água corrente não superior a 5 minutos; – Fecho da água do duche durante o período de ensaboamento; – Em caso de opção pelo banho, utilização de apenas 1/3 do nível máximo da banheira; – Recolha da água fria corrente até chegar a água quente à torneira, para posterior rega de plantas ou lavagens na habitação (em situação de escassez); – Utilização de recipiente para certos usos (lavagem de vegetais, de mãos, etc.) e reutilização no autoclismo ou na rega consoante apropriado (em situação de escassez); – Adopção de um modelo com menor caudal sempre que for necessária a substituição de um chuveiro; – Utilização de torneiras misturadoras, monocomando ou termoestáticas, que permitem também diminuir o consumo por utilização já que permitem a redução do desperdício até a água ter a temperatura desejada (por eliminação do tempo de regulação da temperatura e facilidade de abertura e fecho). – Adaptação de dispositivos convencionais através da instalação de arejador, de redutor de pressão (anilha ou válvula) ou de válvula de seccionamento. Torneiras (lavatório, bidé, banheira e lava-loiça): – Minimização da utilização de água corrente para lavar ou descongelar alimentos (com utilização alternativa de alguidar), para lavagem de louça ou roupa (com alguidar), para escovar os dentes (com uso de copo ou fechando a torneira durante a escovagem), para fazer a barba (com água no lavatório ou com utilização alternativa de máquina eléctrica) ou lavar as mãos; – Verificação do fecho correcto das torneiras após o uso, não as deixando a pingar; – Utilização de alguma água de lavagens, enxaguamento de roupa ou louça ou de duches (com pouco detergente) para outros usos, como sejam lavagens na casa e, por períodos limitados, em rega de plantas (também para encher auto-clismos, desligando previamente as torneiras); – Sempre que necessária a substituição de uma torneira, optar por um modelo com menor caudal; – A utilização de dispositivos mais eficientes permite diminuir o consumo; entre os diferentes mecanismos existentes destacam-se as torneiras com maior ângulo de abertura do manípulo, com redutor de caudal, com dispositivo arejador, com dispositivo pulverizador, com fecho automático ou torneiras com comando electrónico; – Recurso a torneiras misturadoras, monocomando ou termoestáticas; – Adaptação de dispositivos convencionais através da instalação de arejador ou de redutor de pressão (anilha ou válvula). Máquinas de lavar roupa ou louça: – Consulta das instruções do equipamento, particularmente no que se refere às recomendações relativas aos consumos de água, energia e detergente; – Utilização da máquina apenas com carga completa; – Não utilização de programas com ciclos desnecessários (e.g. pré-lavagem e enxaguamento); – Selecção dos programas conducen-tes a menor consumo de água; – Regulação da máquina para a carga a utilizar e para o nível de água mínimo, se possuir regulador para esse fim; – Substituição da máquina no fim de vida por outras mais eficientes em termos de uso de água e energia e com maior flexibilidade para adaptação dos programas à necessidades de lavagem. Hélder Spínola Presidente da Direcção Nacional da Quercus